Censo de 2022 mostra a realidade de falta de arborização nas comunidades urbanas do Brasil
Mais de 64% dos moradores de favelas estão em locais sem arborização, revela estudo do IBGE.
Moradores de favelas e a falta de arborização
O estudo mais recente do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) revela uma preocupante realidade: 64,6% dos moradores de favelas, o que equivale a aproximadamente 10,4 milhões de pessoas, vivem em áreas urbanas sem a presença de árvores. Este dado alarmante provém do Censo de 2022, divulgado em 5 de dezembro. Enquanto isso, nas regiões fora das favelas, 69% dos habitantes têm a sorte de residir em locais com uma vegetação saudável.
Além do contexto geral, o levantamento destaca que apenas 10,5% dos residentes de favelas têm a mesma oportunidade de viver em áreas arborizadas, especialmente quando comparados a 33,5% das pessoas que habitam fora desses espaços. Este contraste expõe a stark desigualdade que existe na distribuição de espaços verdes nas cidades brasileiras.
Desigualdade racial na arborização
Os dados do IBGE não só indicam a situação de arborização, mas também revelam diferenças significativas de acordo com a cor ou raça dos moradores. O levantamento aponta que 68% dos residentes que se autodeclaram pretos vivem em áreas sem árvores, enquanto apenas 9,4% têm a sorte de encontrar cinco ou mais árvores nas proximidades. Entre os pardos, 64,4% residem em locais sem arborização, e 10,4% desfrutam de um entorno mais verde. Já para os moradores que se identificam como brancos, 63,2% vivem em áreas sem árvores, com 11,4% tendo acesso a cinco ou mais árvores.
Larissa Catalá, chefe do Setor de Suporte a Favelas e Comunidades Urbanas, ressaltou que o percentual de moradores pretos em áreas sem arborização é 4,8 pontos percentuais superior ao dos brancos que enfrentam a mesma situação. Essa desigualdade é um reflexo de questões históricas e sociais que precisam ser endereçadas com urgência.
Arborização nas maiores favelas do Brasil
O estudo também fez um levantamento sobre as 20 maiores favelas e comunidades urbanas do país. Dentre essas, a única que se destacou positivamente foi o Sol Nascente, em Brasília (DF), onde 70,7% dos moradores têm acesso a trechos de vias arborizadas. Em contraste, favelas como Rio das Pedras, no Rio de Janeiro (RJ), contam com apenas 3,5% de morados em áreas arborizadas. Outras comunidades, como Cidade de Deus, em Manaus (AM), e Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), apresentam índices baixos de 12% e 12,3%, respectivamente.
A situação de Heliópolis e Paraisópolis, em São Paulo (SP), também reflete a falta de vegetação, com apenas 18% e 12% de seus moradores vivendo em áreas com um mínimo de arborização. Esses dados destacam a necessidade de ações efetivas para promover uma urbanização mais sustentável e inclusiva nas favelas e comunidades urbanas.
Consequências da falta de arborização
A ausência de árvores em áreas urbanas não é apenas uma questão estética, mas traz sérias consequências para a qualidade de vida dos moradores. Estudos indicam que a falta de vegetação pode aumentar as temperaturas locais, gerando ilhas de calor que impactam diretamente a saúde e o bem-estar da população. Além disso, a ausência de áreas verdes limita as oportunidades de lazer e exacerba problemas de saúde pública.
Portanto, esta pesquisa do IBGE serve como um chamado para que administrações municipais e estaduais desenvolvam políticas públicas que priorizem a arborização e a inclusão das comunidades urbanas, assegurando que todos tenham direito a um ambiente saudável e adequado para viver.


