Acesso e infraestrutura nas favelas: 19% da população sem vias para veículos

Estudo do IBGE revela dificuldades de mobilidade em comunidades urbanas no Brasil

Cerca de 19% da população em favelas vive em vias sem acesso para veículos, segundo o IBGE.

População de favelas e acesso à infraestrutura

Cerca de 3,1 milhões de moradores de favelas brasileiras enfrentam dificuldades significativas de mobilidade devido à falta de infraestrutura, conforme revela um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicado em 5 de dezembro de 2025. Este relatório destaca que aproximadamente 19,1% da população das comunidades urbanas vive em vias que suportam apenas o trânsito de motos, bicicletas e pedestres, o que contrasta fortemente com a realidade fora das favelas, onde apenas 1,4% da população enfrenta essa limitação.

O levantamento, parte do suplemento ‘Favelas e comunidades urbanas: características urbanísticas do entorno dos domicílios’, foi realizado durante o Censo 2022 e mostra que, enquanto 93,4% das pessoas fora das favelas moram em ruas aptas ao tráfego de caminhões e ônibus, apenas 62% dos residentes de favelas têm acesso a tais vias. Filipe Borsani, chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, enfatiza que a infraestrutura precária impacta diretamente a capacidade de acesso a serviços públicos essenciais, como a coleta de lixo.

Constrangimentos à mobilidade e serviços públicos

A pesquisa revela que, para 38% dos moradores de favelas, o acesso a serviços básicos é dificultado pela condição das vias. O estudo também menciona que o Brasil tinha 16,4 milhões de habitantes em 12.348 favelas, que estão distribuídos em 6,56 milhões de domicílios. Considerando apenas os 656 municípios que têm favelas registradas, os dados refletem uma realidade desigual.
Além disso, a presença de calçadas é uma questão crítica. Enquanto 89,3% dos moradores fora das favelas têm calçadas nas ruas, esse número cai para 53,9% nas favelas. O IBGE aponta que em comunidades menores de 2,5 mil habitantes, a presença de calçadas se aproxima de 50%, mas nas favelas com mais de 10 mil moradores, esse índice sobe para 61,4%.

A realidade na Rocinha e outros dados relevantes

Um ponto de destaque é a Rocinha, a maior favela do Brasil, onde apenas 12,1% dos moradores vivem em vias que possuem calçadas. Ao avaliar a acessibilidade, o IBGE também analisou a existência de calçadas livres de obstáculos, e os resultados foram alarmantes. Apenas 3,8% dos moradores de favelas têm acesso a calçadas sem barreiras, o que representa cerca de 611,4 mil pessoas. Na Rocinha, somente 0,1% dos habitantes desfrutam dessa condição.
Outros dados da pesquisa indicam que a presença de rampas para cadeirantes é praticamente inexistente, com apenas 2,4% dos residentes de favelas tendo esse recurso ao redor de suas residências, em comparação a 18,5% fora das favelas.

Análise das condições de pavimentação

O IBGE define como pavimentadas as vias com mais de 50% do trecho coberto por asfalto, cimento ou paralelepípedo. A pesquisa revela que 78,3% dos moradores de favelas têm acesso a vias pavimentadas, em contraste com 91,8% fora das comunidades. Essa diferença se torna ainda mais acentuada nas favelas menores, onde 65,8% dos moradores vivem em áreas pavimentadas, aumentando para 86,7% nas maiores.
Na Bahia, uma situação peculiar se destaca, pois 92,1% dos moradores de favelas têm acesso a vias pavimentadas, superando a proporção de 89,7% observada fora das favelas. Filipe Borsani sugere que essa peculiaridade pode estar ligada à autoconstrução, onde a própria população contribui para a melhoria das infraestruturas.

A questão da iluminação e a necessidade de melhorias

Apesar de as favelas serem, em sua maioria, iluminadas – 91,1% dos moradores têm acesso a pontos de luz – a situação na Rocinha é alarmante, com apenas 54,3% dos moradores tendo essa estrutura. Essa realidade é um reflexo da exclusão histórica vivida por essas comunidades, segundo Borsani. Ele argumenta que a discrepância na distribuição da infraestrutura urbana revela que o poder público tem falhado em atender as necessidades das favelas.
Leticia Giannella, gerente de Favelas e Comunidades Urbanas do IBGE, acredita que esses dados podem servir como um instrumento poderoso para que as comunidades reivindiquem melhorias nas condições de vida. Segundo ela, esses dados representam uma oportunidade para a população se mobilizar e pressionar por serviços públicos adequados e com qualidade.

O estudo do IBGE não apenas evidencia os desafios enfrentados pela população de favelas, mas também destaca a urgência de ações públicas voltadas para a inclusão e a promoção de infraestrutura adequada nesses espaços, que historicamente têm sido negligenciados.

Fonte: jovempan.com.br

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