Análise das alegações de Maduro sobre o interesse dos EUA nas reservas de petróleo da Venezuela
Nicolás Maduro afirma que o verdadeiro motivo do interesse de Trump na Venezuela é o petróleo. Especialistas analisam essa afirmação.
O papel do petróleo nas tensões entre Venezuela e EUA
Venezuela, um país da América do Sul, possui quase 20% das reservas comprovadas de petróleo do mundo, o que leva o seu líder, Nicolás Maduro, a afirmar que a verdadeira motivação por trás da crescente presença militar dos EUA na região é o interesse pelas riquezas petrolíferas. Contudo, a realidade do setor de petróleo no país é mais complexa.
A negação dos EUA e as reais intenções
O Departamento de Estado dos EUA nega que sua presença militar seja motivada por petróleo, argumentando que as ações, incluindo ataques a embarcações envolvidas no tráfico de drogas, estão focadas na luta contra o narcotráfico. Entretanto, observadores acreditam que existe uma segunda camada de interesses, especialmente considerando o histórico de relações entre as duas nações e a crise econômica que a Venezuela enfrenta.
A análise dos especialistas sobre a situação atual
Especialistas do setor, como Francisco J Monaldi, diretor do Programa de Energia da América Latina, confirmam que, embora o petróleo possa ser um dos fatores motivadores, não é o principal. A produção de petróleo da Venezuela caiu drasticamente, a ponto de representar menos de 1% da produção mundial, o que levanta questões sobre a viabilidade de qualquer ganho econômico direto para os EUA a partir de um investimento no setor.
Além disso, as décadas de corrupção e má administração tornaram a produção ainda mais difícil. O investimento necessário para revitalizar o setor é estimado em cerca de 100 bilhões de dólares e levaria pelo menos uma década, o que torna a situação ainda mais complicada para potenciais investidores.
O impacto das sanções e a dinâmica interna
A administração de Donald Trump já havia imposto sanções rigorosas ao petróleo venezuelano, que foram um dos fatores que contribuíram para o colapso econômico do país. Em contraste, Joe Biden, ao assumir a presidência, almejou uma mudança no regime venezuelano por meio de incentivos em relação às sanções, mas isso não se concretizou da forma esperada após as eleições de 2022, que foram amplamente contestadas.
As sanções, mesmo assim, não impediram a Chevron de operar no país, embora em níveis reduzidos. Desde a recente flexibilização das sanções, a Chevron começou a importar entre 150.000 e 160.000 barris por dia para os EUA, mostrando que o cenário está em constante evolução.
Potenciais consequências de uma mudança de regime
José Ignacio Hernández, ex-membro da equipe de Juan Guaidó, argumenta que, mesmo que ocorra uma mudança política na Venezuela, o setor de petróleo não será imediatamente atraente devido à deterioração de suas condições. Ele sugere que a mudança de regime poderia beneficiar principalmente empresas como a Chevron, mas que a segurança e a estabilidade política são fatores fundamentais para qualquer decisão de investimento futuro.
Conclusão: o petróleo e mais do que isso
O interesse dos EUA na Venezuela parece ser multifacetado; o petróleo é, sem dúvida, um componente importante, mas a situação política, as relações internacionais e a história econômica do país também desempenham papéis cruciais. Portanto, embora as afirmações de Maduro vão ao encontro de um debate legítimo, a verdade pode ser mais complexa do que a simples narrativa de um apetite por petróleo.
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: Gaby Oraa/Bloomberg via Getty Images


