A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi palco de um intenso confronto verbal na última segunda-feira (8), quando o deputado Renato Freitas (PT) utilizou a tribuna para se defender de um episódio de agressão ocorrido em novembro. A fala do parlamentar, no entanto, desencadeou uma série de acusações cruzadas que expuseram antigas feridas e elevaram a tensão no plenário, culminando em ameaças de novos processos por quebra de decoro parlamentar.
A sessão, que deveria ser rotineira, transformou-se em um campo de batalha político após Freitas, em sua defesa, citar diretamente os deputados Denian Couto (Podemos) e Ricardo Arruda (PL), além de Ademar Traiano (PSD) e Tito Barrichelo (União). O petista questionou a seletividade na apuração de condutas, argumentando que outros parlamentares com históricos controversos não recebem o mesmo tratamento rigoroso do Conselho de Ética.
O Estopim do Conflito
O pronunciamento de Freitas foi motivado por uma briga de rua no centro de Curitiba, em 19 de novembro de 2025, na qual se envolveu com o manobrista Wesley de Souza Silva. O deputado alega ter sido vítima de uma tentativa de atropelamento e de injúria racial, o que o levou a reagir. Já a defesa do manobrista sustenta que a agressão partiu do parlamentar. O caso resultou na abertura de oito representações contra Freitas no Conselho de Ética da Alep, que agora analisa a possível quebra de decoro.
Acusações e Respostas no Plenário
Ao se defender, Freitas relembrou um escândalo de 2019 envolvendo Denian Couto, quando áudios com ameaças a sua ex-noiva foram vazados. Couto, por sua vez, subiu à tribuna para rebater, afirmando que o caso já foi arquivado pelo Judiciário e que as declarações de Freitas são “ofensivas e desconectadas da realidade”. O deputado do Podemos anunciou que irá protocolar um novo pedido de cassação contra o colega, a quem acusou de “envergonhar a Casa”.
Ricardo Arruda, outro alvo de Freitas, também não se calou. O deputado do PL, que em 2024 foi denunciado pelo Ministério Público por suspeita de desvio de dinheiro público e tráfico de influência, negou as acusações e afirmou que o petista tenta se vitimizar. Arruda mencionou o histórico policial de Freitas, intensificando o clima de animosidade.
Próximos Passos no Conselho de Ética
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alep já definiu os relatores para os processos contra Renato Freitas, que são os deputados Dr. Leônidas (CDN) e Secretária Marcia (PSD). A principal acusação é a de infração ao artigo 5º do Código de Ética, que trata de atos incompatíveis com o exercício do mandato. O colegiado se prepara agora para a fase de oitiva de testemunhas, um passo crucial para o futuro político dos envolvidos.
O episódio evidencia a polarização e as tensões que marcam a atual legislatura no Paraná, onde o debate político frequentemente extrapola o campo das ideias e resvala para o confronto pessoal, com consequências que podem ir da tribuna aos tribunais.
Sobre o autor:
Thiago Branco é CEO e proprietário do portal Folha de Curitiba, além de Head de Estratégias de Tráfego e Comercial. Especialista em marketing político, gestão de crise, posicionamento e campanhas de tráfego pago para mandatos, pré-candidatos e partidos, atua na análise profunda de dados para criar estratégias que geram engajamento, autoridade e votos. Para consultorias, projetos de comunicação política ou gestão de tráfego, entre em contato pelo instagram: @thiagobranco
