Entenda como a decisão do Copom pode influenciar o mercado financeiro brasileiro
Copom mantém Selic em 15% ao ano, afetando o mercado financeiro brasileiro.
Selic mantida em 15% e suas repercussões no mercado financeiro
Na quarta-feira (10), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Esta foi a quarta manutenção consecutiva, em linha com as expectativas do mercado, que já havia precificado essa decisão. A continuidade da política monetária restritiva se deve às expectativas de inflação superiores às metas estipuladas, junto com uma resiliência observada na atividade econômica.
O tom adotado pelo Copom, considerado “hawkish”, como pontuado por Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, indica que não houve um sinal claro em direção ao afrouxamento monetário, que poderia ser esperado por alguns membros do mercado financeiro. De acordo com ele, “não houve qualquer comunicação mais ‘dove’, ou seja, leniente com a inflação. Está tudo mantido”.
Expectativas sobre o desempenho do Ibovespa
Analistas também observaram que o comunicado do Copom deixou a porta para um eventual afrouxamento monetário em janeiro “semi fechada”. José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, mencionou que o cenário mais provável é que o ciclo de cortes possa iniciar em março, contanto que os dados até lá sinalizem uma mudança adequada. A avaliação é que essa manutenção da Selic provavelmente resultará em uma onda de realização nos mercados, algo já previsto por Marcelo Bolzan, planejador financeiro da The Hill Capital.
Após a manutenção da Selic, o Ibovespa (IBOV) encerrou o dia em alta de 0,69%, alcançando 159.074,97 pontos, influenciado positivamente pelas bolsas de Nova York. Contudo, especialistas alertam que o índice pode sofrer uma correção nos dias seguintes. Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, reforçou essa expectativa, apontando que o Ibovespa deve sentir as repercussões desse comunicado mais robusto.
Reações no mercado de juros futuros e no câmbio
Os juros futuros de curto prazo estão projetados para iniciar uma alta no dia seguinte à decisão do Copom. Marcelo Bolzan acredita que a expectativa de manutenção da Selic em janeiro começará a se refletir nos DIs. Isso se alinha à posição da equipe da Warren, que indica a possibilidade de um “flattening” na curva de juros, dado o cenário de cortes que se espera apenas para março.
Em relação ao câmbio, a postura mais rígida do Comitê deverá beneficiar o real. Na mesma data, o dólar à vista (USDBRL) fechou em R$ 5,4686, com uma alta de 0,60%. Essa variação indica a percepção do mercado sobre a taxa de juros e sua influência sobre a moeda nacional.
Considerações finais
A manutenção da Selic em 15% ao ano sinaliza uma continuidade da rigidez na política monetária brasileira, enquanto as expectativas de inflação permanecem elevadas. Com isso, o mercado financeiro está em compasso de espera, avaliando a possibilidade de cortes futuros, mas com atenção aos dados econômicos que surgirem nas próximas semanas. O comportamento do Ibovespa, dos juros futuros e do dólar deverá ser monitorado de perto, à medida que as reações se desenrolam em um cenário marcado pela incerteza econômica.
Fonte: www.moneytimes.com.br


