Psiquiatra aponta falhas na representação de detentos em produção do Prime Video
Guido Palomba critica série sobre Tremembé por falta de representatividade real dos detentos.
Guido Palomba critica série sobre Tremembé e aponta distorções
O psiquiatra forense Guido Palomba, reconhecido por sua atuação em casos criminais de grande repercussão, fez críticas contundentes à nova série do Prime Video, que aborda a vida de criminosos notórios da Penitenciária de Tremembé, localizada no interior de São Paulo. Em sua análise, Palomba alega que a produção não reflete a verdadeira mente dos detentos e distorce completamente a realidade que deveria ser apresentada ao público.
O fascínio mórbido por crimes
Durante uma entrevista ao podcast Inteligência Ltda., Palomba discorreu sobre o que considera ser um fenômeno de fascínio mórbido que atrai o público para narrativas de crimes violentos. Ele sugere que tal interesse está vinculado a uma curiosidade patológica por comportamentos extremos, levando algumas pessoas a desenvolverem uma atração que chega a níveis doentios. O psiquiatra exemplificou esse comportamento mencionando as cartas de amor que criminosos recebem em presídios, expressões de devoção que revelam uma compreensão distorcida da realidade.
A responsabilidade da mídia
Palomba também não hesitou em apontar a responsabilidade da mídia na construção de um imaginário em torno do crime. Ele argumenta que a constante exposição de crimes pela imprensa atende à lógica de audiência, mas, em contrapartida, banaliza a violência. Para ele, essa disseminação contínua acaba por contribuir para um distanciamento da realidade e uma normalização de comportamentos violentos. “A mídia tem sua parcela de culpa em divulgar isso o tempo todo, porque dá audiência”, afirma Palomba.
A série Tremembé em questão
A respeito da série Tremembé, o psiquiatra foi enfático ao afirmar que a produção não revela nada substancial sobre os comportamentos reais dos criminosos apresentados. Ele ressaltou que a distinção entre entretenimento comercial e investigação séria é crucial. “Esses filmes são comerciais, visam lucro. Não é um documentário”, reiterou Palomba, sublinhando a necessidade de não confundir ficção com a verdadeira realidade da criminalidade.
Glamourização do crime
Além disso, Palomba criticou a tentativa de glamourizar figuras associadas a crimes hediondos. Ele questionou a lógica de transformar ações brutais em entretenimento, mencionando casos de extrema violência e questionando a moralidade dessas representações. Ele conclui afirmando que a abordagem sensacionalista promovida pela mídia e pela indústria do entretenimento não contribui para uma compreensão adequada do comportamento humano, e, ao contrário, pode levar à romantização de criminosos.
Conclusão
Palomba enfatiza que a sociedade deve encarar episódios de violência com responsabilidade, sem alimentar mitos ou idolatrias em torno de criminosos. É imperativo que o público aprenda a separar a ficção da realidade, não permitindo que narrativas distorcidas definam a percepção sobre a violência e os indivíduos que a perpetuam.
Fonte: baccinoticias.com.br
Fonte: Reprodução


