Nicolás Maduro afirma que pressão dos EUA visa apropriação das reservas de petróleo do país sul-americano.
Maduro acredita que a pressão dos EUA em relação ao petróleo da Venezuela esconde objetivos mais amplos.
Venezuela e a disputa pelo petróleo: interesses americanos
Nicolás Maduro, líder da Venezuela, afirmou que a crescente pressão dos Estados Unidos visa apropriar-se das vastas reservas de petróleo do país. A informação surgiu após a apreensão de um petroleiro que, segundo alegações, transportava petróleo venezuelano em violação às sanções americanas. Ao investigar a intenção dos EUA, muitos se perguntam: o que realmente está em jogo?
A realidade da produção de petróleo na Venezuela
Com uma estimativa de 303 bilhões de barris, a Venezuela possui as maiores reservas provadas de petróleo do mundo. No entanto, a produção atual é mínima em comparação com estes números impressionantes. Desde os anos 2000, a produção despencou devido ao controle crescente exercido pelo governo sobre a PDVSA, a companhia estatal de petróleo, resultando na saída de funcionários qualificados.
Até novembro, a produção foi de aproximadamente 860 mil barris por dia, representando apenas um terço do que era há dez anos. Esta quantidade é menos de 1% do consumo mundial de petróleo, refletindo um cenário desolador para uma nação riquíssima em recursos.
O potencial de intervenção dos EUA
Alguns setores dos EUA têm defendido uma intervenção no país, citando as oportunidades para negócios americanos revitalizarem a indústria do petróleo na Venezuela. A congressista republicana da Flórida, María Elvira Salazar, declarou que empresas americanas poderiam entrar e corrigir a infraestrutura do setor. O presidente Donald Trump, conhecido por sua postura favorável à exploração de petróleo, tem conexões com essas discussões.
No entanto, o governo americano, atualmente, prioriza a luta contra o tráfico de drogas e considera a legitimidade de Maduro um aspecto central da sua política.
A dependência das sanções e o papel da Chevron
As sanções impostas pelos EUA desde 2015, durante a administração do presidente Barack Obama, foram um divisor de águas para a economia venezuelana. Elas isolam o país do investimento necessário e dos componentes para revitalizar a indústria. A Chevron é a única empresa americana que ainda opera na Venezuela, e sua presença é crucial, pois ela representa cerca de 20% da produção de petróleo do país.
A eventual flexibilização das sanções poderia tornar Chevron um dos principais beneficiários. Refinadores americanos, especialmente na Costa do Golfo, têm interesse no petróleo venezuelano, que é tipicamente mais barato de processar.
Desafios futuros para a indústria do petróleo
Embora a reabertura das exportações de petróleo possa ter um impacto positivo nos preços internacionais, especialistas alertam que os processos de recuperação da produção levariam tempo. Relatórios indicam que, mesmo com melhorias gerenciais e investimentos modestos, a produção poderia chegar a 2 milhões de barris por dia em dois anos. Porém, isso exigiria um investimento de dezenas de bilhões de dólares e um compromisso de longo prazo.
Ademais, a previsão de demanda por petróleo está mudando. Com as energias alternativas ganhando espaço, a necessidade de petróleo poderá diminuir nas próximas décadas. Portanto, quaisquer investidores devem questionar a viabilidade a longo prazo de investir no setor petrolífero venezuelano, mesmo que a situação política mude.
No final, seja por meio de um eventual fim de governo de Maduro ou pela retirada de barreiras americanas, a disposição das empresas para investir na reabilitação do setor petrolífero da Venezuela permanece incerta. O esforço para reviver a produção de petróleo requereria um comprometimento significativo de tempo e recursos financeiros. A frase de Trump, ‘drill, baby, drill’, pode ressoar, mas, em última análise, a rentabilidade do investimento é o fator que prevalecerá.
Fonte: www.bbc.com
Fonte: Federico Parra



