Atmosfera da Terra chega à Lua e promete beneficiar bases lunares

Keith Cooper

Descobertas sobre a transferência de elementos atmosféricos abrem novas possibilidades para a colonização lunar.

Nova pesquisa revela que átomos da atmosfera da Terra têm chegado à Lua, trazendo elementos que podem ser cruciais para futuras bases lunares.

Quando os astronautas retornarem à Lua, poderão encontrar um pouco de casa os esperando. Um estudo recente revelou que átomos e moléculas da atmosfera da Terra têm viajado através do espaço, depositando-se na Lua ao longo de bilhões de anos. Essa descoberta não apenas esclarece um mistério lunar que remonta às missões Apollo, mas também sugere que a Lua pode conter elementos essenciais para a vida, caso venhamos a estabelecer uma base lunar.

O mistério da presença de voláteis na Lua

Em amostras de regolito lunar trazidas pelos astronautas da Apollo, os cientistas identificaram quantidades intrigantes de voláteis, incluindo água, dióxido de carbono, hélio, argônio e nitrogênio. Embora alguns desses voláteis sejam trazidos para a Lua pelo vento solar, as quantidades, especialmente de nitrogênio, não podem ser explicadas apenas por esse fenômeno. Em 2005, pesquisadores da Universidade de Tóquio sugeriram que parte desses voláteis poderia ter origem na Terra, escapando de sua atmosfera superior e sendo empurrados pelo vento solar. No entanto, eles acreditavam que isso só poderia ter ocorrido nos primórdios da Terra, antes de o planeta desenvolver um campo magnético forte o suficiente para impedir a fuga de partículas.

Novas descobertas sobre a interação atmosférica

Um time da Universidade de Rochester, liderado pelo estudante de graduação Shubhonkar Paramanick e pelo professor de astronomia Eric Blackman, utilizou simulações computacionais para investigar quando essas partículas voláteis poderiam ter chegado à Lua, explorando dois cenários distintos: o da Terra primitiva, com um campo magnético fraco, e o da Terra moderna, com um campo mais forte. Surpreendentemente, as simulações mostraram que o cenário moderno é mais eficaz na transferência de partículas atmosféricas para a Lua. O campo magnético da Terra, em vez de bloquear a fuga das partículas, atua como uma via de transporte, com algumas linhas do campo magnético se estendendo até a Lua.

Implicações para a exploração lunar

Em 2024, pesquisadores da Universidade de Oxford encontraram evidências em rochas ricas em ferro de 3,7 bilhões de anos na Groenlândia, indicando que o campo magnético da Terra na antiguidade era comparável ao atual. Isso implica que, desde então, a atmosfera da Terra tem escapado gradualmente para o espaço e para a Lua. Blackman destacou: “Ao combinar dados de partículas preservadas no solo lunar com modelagem computacional de como o vento solar interage com a atmosfera da Terra, podemos traçar a história da atmosfera terrestre e seu campo magnético”.

Essas descobertas não são apenas relevantes para a Terra, mas também têm implicações mais amplas para outros planetas, como Marte, que possui um campo magnético global semelhante ao da Terra em épocas passadas. A análise da evolução planetária e da fuga atmosférica em diferentes épocas pode fornecer insights sobre a habitabilidade de outros mundos.

As descobertas sugerem que a troca de átomos e moléculas atmosféricas pode ser benéfica para uma futura presença humana na Lua. Elementos como água, que já foram trazidos para a Lua por impactos de asteroides e cometas, podem ter se acumulado na superfície lunar ao longo do tempo, criando uma reserva valiosa para astronautas no futuro. O fluxo contínuo de partículas da Terra para a Lua pode ser visto como um investimento para a colonização lunar.

Os resultados foram publicados em 11 de dezembro de 2025 na revista Communications Earth & Environment.

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