A nova era da comunicação: Agências federais imitam Trump nas redes sociais

Alex Wong/Getty Images

Estilo provocativo e polêmico transforma a comunicação pública nos Estados Unidos.

Agências federais nos EUA adotam tom provocativo nas redes sociais, aproximando-se do estilo de comunicação de Trump.

A comunicação pública nos Estados Unidos passou por uma transformação marcante nos últimos anos. Agências federais, que tradicionalmente mantinham uma postura comedida, agora estão adotando uma abordagem mais provocativa nas redes sociais, ecoando o estilo de comunicação incendiário de Donald Trump. Essa mudança levanta preocupações sobre a desinformação e a polarização em temas críticos.

A Revolução das Redes Sociais na Comunicação Pública

Desde a ascensão de Trump à presidência, a maneira como as agências governamentais se comunicam com o público tornou-se muito mais agressiva. Durante seu primeiro mandato, Trump frequentemente usava o Twitter para atacar adversários e disseminar informações, enquanto as declarações oficiais de agências como o Departamento de Segurança Interna (DHS) eram cautelosas e focadas na conformidade legal. Porém, essa dinâmica mudou drasticamente. Hoje, a linha entre o discurso político do presidente e o conteúdo publicado por agências como o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega) está quase indistinguível, com posts que utilizam memes e humor para promover políticas controversas.

Essa tendência de comunicação não é apenas uma questão de estilo, mas também de estratégia. Especialistas argumentam que essa nova abordagem visa polarizar ainda mais o debate público, utilizando táticas que incluem a desinformação e a provocação direta. Ramesh Srinivasan, professor da UCLA, observa que a comunicação agora é uma forma de propaganda que tem como objetivo desumanizar grupos, especialmente imigrantes, e criar uma divisão entre diferentes segmentos da população.

O Impacto da Comunicação Inflamatória

Os posts recentes de agências como o DHS e o ICE exemplificam essa nova forma de comunicação. Um exemplo notório foi uma postagem de Natal que dizia “YOU’RE GOING HO HO HOME”, acompanhada de imagens de agentes armados em clima natalino. Esse tipo de conteúdo não apenas provoca risadas, mas também gera indignação, especialmente entre aqueles que veem isso como uma desumanização dos imigrantes. Jeremy Weitz, do Catholic Legal Immigration Network, expressou sua preocupação com o uso de imagens de Natal para promover retórica anti-imigrante, afirmando que isso contradiz os valores do advento e do Natal.

Além disso, a estratégia de “rage bait” tem sido utilizada para mobilizar a base de apoio de Trump, ao mesmo tempo em que provoca reações adversas. Joan Donovan, professora de estudos de mídia, destacou que essa tática visa criar um ciclo de atenção na mídia tradicional, onde as postagens nas redes sociais acabam sendo noticiadas em jornais e programas de televisão, ampliando ainda mais seu alcance e impacto.

A Resposta Crítica e a Comparação Internacional

Enquanto isso, a resposta a essa nova forma de comunicação varia conforme a região. Enquanto nos EUA as agências governamentais se envolvem em práticas provocativas, na Europa, por exemplo, existem leis rigorosas contra discursos de ódio e desinformação. Recentemente, a União Europeia multou uma plataforma de mídia social por violar leis de transparência na publicidade, refletindo uma preocupação mais ampla com a responsabilidade nas comunicações online.

Portanto, a tendência de agências federais adotarem um estilo de comunicação mais semelhante ao de Trump nas redes sociais não é apenas um fenômeno isolado, mas parte de um quadro maior de polarização e desinformação que permeia a esfera pública. É fundamental que haja uma reflexão crítica sobre o papel dessas plataformas e a responsabilidade das instituições na construção de um discurso que respeite a diversidade e a dignidade humana.

Fonte: www.theguardian.com

Fonte: Alex Wong/Getty Images

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