Dezembro concentra uma carga mental que vai além do cansaço acumulado ao longo de 11 meses de trabalho
De acordo com dados da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), o nível de estresse e ansiedade entre os brasileiros aumenta em até 75% durante o período de fim de ano. O levantamento aponta um crescimento estrutural dos sintomas emocionais ao longo do ano, evidenciando a maior vulnerabilidade emocional nas festas de fim de ano — período marcado por pressões sociais, financeiras e familiares.
Segundo a professora de Psicologia da Estácio, Giovana Cassales Lanhozo, dezembro concentra uma carga mental específica que vai além do cansaço acumulado ao longo de 11 meses de trabalho. “Existe o que chamamos de sobrecarga cognitiva de fechamento de ciclo. O cérebro entende que tudo precisa ser resolvido antes do dia 31, o que inclui metas, compras, compromissos sociais, festas e até uma pressão para estar feliz e celebrando”, explica. Esse cenário, de acordo com a especialista, favorece o aumento do cortisol, hormônio diretamente ligado ao estresse.
Os primeiros sinais de alerta podem surgir tanto no campo emocional quanto no físico. Irritabilidade desproporcional, sensação de “pavio curto”, alterações no sono, dores de cabeça frequentes e tensão muscular são alguns dos sintomas mais comuns. “Quando o corpo começa a dar esses sinais, é um indicativo de que é hora de pisar no freio, priorizar o que realmente importa e escolher quais batalhas vale a pena enfrentar nessas últimas semanas do ano”, orienta.
Outro fator que contribui para o sofrimento emocional no período é o contraste entre a realidade individual e o ideal de felicidade amplamente difundido. Comerciais, redes sociais e campanhas publicitárias reforçam imagens de famílias perfeitas e celebrações constantes, o que pode intensificar sentimentos de solidão e inadequação. “Quando a nossa vivência interna não corresponde a essa euforia externa, cresce a sensação de isolamento. A estratégia saudável é buscar conexão real, não idealizada”, afirma Giovana.
Nesse contexto, a recomendação é priorizar vínculos que permitam autenticidade. “Não é necessário estar em todas as festas. O mais importante é estar com quem permite que você seja você mesmo, sem precisar fingir felicidade”, ressalta. Para quem passa o período sozinho, a psicóloga destaca a importância da autocompaixão e da criação de rituais com significado pessoal. “A solidão diminui quando nos tornamos uma boa companhia para nós mesmos.”
As tradicionais resoluções de Ano Novo também merecem atenção. Para Giovana, listas extensas e metas rígidas podem alimentar a ansiedade e gerar frustração logo nos primeiros dias de janeiro. “Sonhar é fundamental, mas idealizar mudanças radicais costuma ser um gatilho. O ideal é trocar metas inflexíveis por intenções comportamentais, focando no processo e em objetivos alcançáveis”, explica. Pequenas ações, como ler alguns minutos por dia ou adotar hábitos saudáveis gradualmente, tendem a gerar sensação de conquista e manter a motivação.
Já para quem não consegue parar ou tirar férias no fim de ano, a psicóloga recomenda a adoção dos chamados micro-descansos. “Pequenos respiros conscientes ao longo do dia ajudam a prevenir o burnout”, afirma. Entre as orientações estão a higiene do sono como prioridade, a criação de limites claros entre trabalho e descanso e a adoção de rituais que sinalizem o fim do expediente. “Respeitar o próprio ritmo, especialmente no início do ano, é um dos maiores atos de cuidado com a saúde mental”, conclui.
Fonte: Assessoria de Imprensa. / Foto: Freepik.



