Produtores de milho divergem do agro sobre acordo com UE

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Análise das reações do setor agrícola brasileiro frente ao adiamento do tratado.

Enquanto alguns setores do agro brasileiro apoiam o acordo com a UE, produtores de milho apresentam críticas contundentes.

Divergências no agronegócio brasileiro

O recente adiamento do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul trouxe à tona uma divisão significativa entre os setores do agronegócio brasileiro. Enquanto muitos agricultores, especialmente os do setor de café, celebram as vantagens potenciais que o tratado pode oferecer, os produtores de milho expressam preocupações sérias sobre os impactos negativos que isso pode causar em suas exportações.

O papel do milho na economia agrícola

Os produtores de milho, representados por Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), argumentam que o acordo não faz sentido para o setor. Atualmente, o Brasil exporta entre 3 e 4 milhões de toneladas de milho para a UE, enquanto a Argentina, em comparação, exporta apenas 300 a 500 mil toneladas. Para os produtores brasileiros, o acordo implica uma limitação que, segundo eles, não reflete a realidade do mercado global.

Bertolini observa que a UE está cada vez mais dependente do milho da Ucrânia, cuja produção foi severamente impactada pela guerra com a Rússia. Essa situação poderia aumentar a demanda por milho brasileiro em outros mercados, como Oriente Médio e norte da África, sugerindo que os produtores de milho têm alternativas viáveis para suas exportações.

Perspectivas divergentes entre setores

Embora os produtores de milho estejam alarmados com as possíveis consequências do acordo, outras partes do agronegócio, como os cafeicultores, veem a situação de maneira diferente. Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), afirma que a assinatura do acordo poderá beneficiar substancialmente o setor de cafés industrializados, com a redução gradual das tarifas sobre produtos como café solúvel e torrado.

A expectativa é que isso não apenas aumente as exportações, mas também atraia investimentos significativos para a indústria de café no Brasil, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento local. Essa visão otimista contrasta fortemente com as preocupações dos produtores de milho, evidenciando a disparidade nas expectativas dentro do agronegócio.

O futuro do acordo e suas implicações

O presidente Lula tinha como objetivo fechar o acordo na Cúpula do Mercosul, mas a pressão de países europeus levou ao adiamento das discussões. As divergências internas sobre a competitividade dos produtos agrícolas e as salvaguardas necessárias para proteger os agricultores europeus têm sido fatores críticos nesse processo. Enquanto algumas nações, como França e Polônia, se opõem ao tratado, outras, como Alemanha e Espanha, defendem sua assinatura.

Para o Brasil, a questão do milho representa um dilema. Apesar de ser um produto essencial para a economia, sua posição no cenário internacional pode ser desafiadora, especialmente considerando a crescente demanda por proteína e biocombustíveis. O economista Moacir Teixeira aponta que, a longo prazo, a demanda por milho pode aumentar à medida que novas necessidades de mercado emergem.

Conclusão

A situação atual do acordo entre a UE e o Mercosul ilustra as complexidades do agronegócio brasileiro. Enquanto alguns setores aguardam ansiosamente a assinatura do tratado, outros, como os produtores de milho, sentem que suas preocupações não estão sendo adequadamente consideradas. A evolução dessas negociações nos próximos meses será crucial para determinar não apenas o futuro do agronegócio no Brasil, mas também a posição do país no comércio internacional.

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