A complexa relação entre tarifas e mercado de café nos Estados Unidos.
Os consumidores americanos ainda enfrentam preços elevados no café, mesmo após a redução das tarifas de importação.
Os apreciadores de café nos Estados Unidos que esperavam uma queda rápida nos preços após o recuo das tarifas implementadas pelo presidente Donald Trump devem reconsiderar suas expectativas. As tarifas de importação, que foram impostas principalmente ao Brasil, um dos maiores produtores de café, elevaram os custos dos grãos crus, e especialistas afirmam que esses aumentos ainda não foram totalmente repassados aos consumidores.
O impacto das tarifas no mercado de café
Desde o verão passado, as tarifas de Trump afetaram a cadeia de suprimentos do café, resultando em um aumento significativo nos preços no varejo. Segundo analistas, a maior parte dos aumentos de preços que os consumidores enfrentaram não se deve diretamente às tarifas, mas sim à escassez de oferta de grãos, que levou a um aumento acentuado nos preços dos grãos crus.
Christopher Feran, analista independente, esclarece que os preços elevados do café no varejo refletem um mercado de grãos crus em crise, que vem se agravando ao longo do último ano. A expectativa é de que esse cenário leve até nove meses para se normalizar, devido ao tempo necessário para a torrefação e negociações de preços.
Projeções de preços futuros
Os consumidores americanos, que representam o maior mercado de café do mundo, terão que se acostumar a preços elevados por um período prolongado. A administração de Trump enfrenta o desafio de controlar a inflação de alimentos, especialmente com as eleições legislativas se aproximando. O recuo nas tarifas, embora tenha sido um passo positivo, ainda não é suficiente para provocar uma queda imediata nos preços.
A Casa Branca recentemente retirou tarifas que variavam de 10% a 41% sobre mais de 200 itens alimentícios, incluindo o café. Embora isso tenha aliviado algumas pressões, a questão da oferta continua a afetar os preços. Especialistas acreditam que, com a expectativa de um superávit nas próximas safras, os preços dos grãos crus podem finalmente começar a cair, mas isso não será imediato.
O tempo e os desafios da cadeia de suprimentos
Os torrefadores de café nos EUA normalmente mantêm estoques de grãos que variam de dois a três meses. A combinação disso com negociações trimestrais de preços significa que os benefícios das tarifas reduzidas podem não ser sentidos pelos consumidores até o final de 2026. Além disso, mesmo com a retirada das tarifas, os preços dos grãos crus caíram apenas 6%, o que indica que a pressão sobre os preços ainda é significativa.
Steven Walter Thomas, CEO da Lucatelli Coffee, destacou que os preços do café tendem a subir mais rapidamente do que a queda quando as condições de mercado se alteram. Isso significa que a redução das tarifas não resultou em uma diminuição instantânea dos preços, mas sim em uma desaceleração no ritmo de aumentos.
Conclusão
A expectativa é de que, com a normalização do mercado de café e a retirada das tarifas, os preços possam eventualmente se ajustar. No entanto, a relação entre tarifas e preços é complexa e o impacto total das mudanças tarifárias levará tempo para se manifestar nas prateleiras dos supermercados. Assim, os consumidores devem se preparar para continuar enfrentando preços altos por um bom tempo, enquanto a cadeia de suprimentos se ajusta a essa nova realidade.
Fonte: www.moneytimes.com.br



