Iniciativas inovadoras têm revertido o desmatamento no Darién, no Panamá.

Tecnologia e investimento conjunto têm reduzido o desmatamento no Darién, no Panamá, oferecendo um modelo para o mundo.

O Darién, uma vasta floresta tropical que se estende entre a América do Sul e Central, é um dos últimos refúgios da biodiversidade, abrigando inúmeras espécies ameaçadas. Contudo, sua proteção sempre foi um desafio devido à dificuldade de acesso e à constante ameaça de desmatamento, mineração e caça ilegal. Nos últimos três anos, no entanto, uma transformação notável ocorreu na região graças a um esforço conjunto do governo panamenho e da ONG Global Conservation.

O renascimento do Darién

Em 2022, como parte de um esforço para combater a destruição de suas florestas, o governo panamenho adotou uma postura firme contra o desmatamento. A modernização da força de rangers do parque foi um passo crucial. Com o apoio da Global Conservation, foram recrutados mais rangers, aumentando o número de patrulhas de quase zero em 2022 para 55 em 2024. O presidente José Raúl Mulino, que assume o cargo em julho de 2024, implementou uma moratória total sobre a exploração madeireira, visando proteger o parque de práticas corruptas.

Segundo Segundo Sugasti, diretor do Parque Nacional Darién, a visão da comunidade sobre os rangers mudou drasticamente. “Agora, as crianças estão perguntando quando podem se inscrever para se tornar rangers!” Essa mudança de mentalidade é fundamental para o sucesso das iniciativas de conservação. O aumento da presença dos rangers no terreno, agora equipados com novas tecnologias e veículos, resultou em uma queda impressionante na atividade ilegal na região.

Inovações tecnológicas no combate ao desmatamento

A tecnologia desempenhou um papel vital na proteção do Darién. Antes, a comunicação entre os rangers era limitada, dificultando a resposta a intrusões. Com acesso a câmeras, satélites e sistemas de nuvem, a eficiência das patrulhas aumentou exponencialmente. Ferramentas como o EarthRanger permitiram que os rangers compartilhassem informações em tempo real, melhorando a coordenação e a rapidez nas operações. Sugasti afirma: “Agora posso enviar os rangers para as áreas mais remotas, sabendo que estão seguros”.

Além disso, a implementação de câmeras de trilha ajudou a detectar movimentos de madeireiros ilegais, enquanto alertas de incêndio em tempo real, fornecidos por satélites, garantiram que os incêndios fossem controlados antes que causassem danos significativos. Em 2024 e 2025, não houve registros de incêndios no parque, um feito notável que demonstra a eficácia das novas estratégias de monitoramento.

Impactos positivos e desafios futuros

Os resultados dessas iniciativas são impressionantes: a perda de florestas dentro do Parque Nacional Darién caiu em 88% entre 2022 e 2025, alcançando seu nível mais baixo em duas décadas. O sucesso na preservação do Darién não apenas protege um importante sumidouro de carbono, mas também garante a sobrevivência de comunidades indígenas e espécies ameaçadas que dependem desse ecossistema.

No entanto, o desafio de conservar as florestas tropicais em todo o mundo continua. O diretor da Global Conservation, Jeff Morgan, alerta sobre a situação crítica em outras regiões da América Central, onde florestas estão desaparecendo rapidamente. O modelo adotado em Darién, que combina tecnologia com investimentos diretos, pode ser a chave para salvar outras áreas ameaçadas.

Morgan ressalta a importância de uma abordagem de co-investimento, onde governos e organizações trabalham juntos para garantir a conservação eficaz. “Imagine o impacto que poderíamos ter se replicássemos esse modelo em outros mil parques”, conclui. O futuro do Darién e de outras florestas tropicais depende da capacidade de aprender com essa experiência e agir rapidamente para reverter as tendências de desmatamento global.