Análise dos papéis que surpreenderam e os que decepcionaram neste ano.
Em 2025, o mercado de dividendos brasileiro apresentou grandes surpresas e decepções, refletindo a volatilidade econômica.
O cenário de dividendos em 2025
O mercado de dividendos em 2025 foi marcado por um cenário atípico, resultado da combinação da taxa Selic em 15% ao ano e a expectativa de novas regulações fiscais. Com a iminente reforma do Imposto de Renda que começará a vigorar em 2026, as empresas se apressaram em antecipar a distribuição de proventos. Essa corrida resultou em uma expectativa de distribuição entre R$ 42 bilhões e R$ 85 bilhões em dividendos extras.
Destaques positivos do ano
Entre os papéis que surpreenderam estão o Itaú Unibanco (ITUB4) e a BB Seguridade (BBSE3). O Itaú, por exemplo, apresentou um resultado operacional superior ao da sua holding, Itaúsa (ITSA4), resultando em um aumento significativo dos dividendos pagos. Essa dinâmica não apenas beneficiou o banco, mas também a holding, refletindo uma melhora no dividend yield de ambas as ações.
No setor imobiliário, a Cyrela (CYRE3) se destacou com um desempenho muito superior ao do ano anterior, permitindo uma distribuição mais robusta de proventos. A Vulcabras (VULC3) e a Unipar (UNIP6) também foram mencionadas por seu crescimento em vendas e resultados operacionais, além de manterem um payout elevado.
A Marcopolo (POMO4) aproveitou a boa performance até o meio do ano para distribuir lucros acumulados, enquanto a ISA Energia (ISAE4) chamou atenção por um dividendo atípico, que superou a média histórica, impulsionado pela entrada de novos projetos de transmissão.
Decepções no mercado
Por outro lado, a Petrobras (PETR3/PETR4) se destacou negativamente, mesmo sendo a maior pagadora de dividendos da bolsa, com cerca de R$ 37 bilhões distribuídos até setembro. No entanto, a expectativa de normalização nos dividendos, em função do novo plano estratégico da companhia, preocupou muitos investidores, que esperavam um retorno mais robusto.
O Banco do Brasil (BBAS3) e a Ambev (ABEV3) também decepcionaram. O Banco do Brasil enfrentou queda de lucros e revisão para baixo de seu guidance, resultando em um payout reduzido. A Ambev, por sua vez, registrou um retorno estimado em torno de 8%, abaixo das expectativas, devido à pressão sobre margens e a necessidade de investimentos.
Expectativas para 2026
Para 2026, a expectativa é de que setores como bancos, seguradoras e energia elétrica continuem a liderar em termos de distribuição de dividendos. No entanto, a nova tributação, que começará em janeiro, poderá influenciar as políticas de distribuição. Valores acima de R$ 50 mil por mês passarão a ser tributados em 10%, o que pode impactar a rentabilidade líquida dos grandes investidores.
Belitardo ressalta que a lição de 2025 é clara: o dividend yield deste ano foi inflacionado por fatores extraordinários, e que a sustentabilidade do payout e a geração de caixa devem ser prioritárias na análise de investimentos futuros. Portanto, é crucial que os investidores considerem não apenas os percentuais, mas também a saúde financeira das empresas ao decidir onde alocar seus recursos.
Fonte: www.moneytimes.com.br