A relevância dos catadores na economia circular e a nova iniciativa do BNB.
Catadores desempenham papel crucial na coleta de resíduos e recebem novo apoio do BNB.
A inclusão de catadores na gestão de resíduos sólidos se mostra cada vez mais essencial para a sustentabilidade no Brasil. Em um cenário em que mais de 4,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram coletados por catadores ao longo de 2024, a importância desse grupo de trabalhadores, muitas vezes invisíveis, é inegável. Esses catadores, que totalizam cerca de 700 mil pessoas, foram responsáveis por quase 6% do lixo urbano produzido no país, conforme o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025.
O papel dos catadores na economia circular
Os dados revelam que os catadores autônomos se concentram na coleta de materiais recicláveis, recuperando 100% do que colhem. Esse volume se aproxima do total coletado pelos serviços públicos formais, que foi de 4,8 milhões de toneladas, enviadas para centrais de triagem. O reconhecimento do trabalho desses profissionais é um passo importante na valorização da coleta seletiva e na promoção de uma economia circular.
Recentemente, o Banco do Nordeste (BNB) anunciou um edital com R$ 30 milhões destinados a investimentos em projetos de gestão integrada de resíduos sólidos. Os recursos visam apoiar a coleta seletiva, a inclusão socioprodutiva de catadores e a promoção de soluções tecnológicas, com cada projeto podendo receber entre R$ 1 milhão e R$ 2,5 milhões. Essa iniciativa não apenas reforça a importância dos catadores, mas também busca melhorar a infraestrutura e a capacitação desse grupo, enfrentando os desafios que ainda persistem.
Desafios e oportunidades
O diretor de planejamento do BNB, Aldemir Freire, enfatiza que as associações e cooperativas de catadores enfrentam dificuldades em termos de infraestrutura, acesso a mercados e a necessidade de equipamentos de proteção. O edital do BNB inclui critérios para dinamizar a seleção dos projetos, promovendo também uma bonificação por desempenho, o que pode incentivar ainda mais a participação desses trabalhadores em iniciativas que promovam a economia circular.
A proposta de incluir e valorizar o trabalho dos catadores na gestão de resíduos sólidos é apoiada por pesquisas acadêmicas, como a tese de doutorado de Ana Maria Rodrigues Costa de Castro, que defende um maior investimento na integração dos catadores à sociedade. Ela propõe um Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, reconhecendo a importância do trabalho desempenhado por esse grupo na sustentabilidade urbana.
Implicações para o futuro
A iniciativa do BNB é um reflexo das crescentes demandas por uma gestão de resíduos mais eficaz e inclusiva. A valorização dos catadores é um passo fundamental para a construção de um sistema de resíduos sólidos mais justo e sustentável. A possibilidade de inclusão de propostas que contemplem municípios com Plano de Resíduos Sólidos vigente mostra uma preocupação com a organização e a eficácia das ações locais.
Assim, a inclusão de catadores não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia vital para a promoção da sustentabilidade e da economia circular no Brasil. Essa abordagem holística pode gerar impactos positivos tanto no meio ambiente quanto na vida daqueles que atuam nesse setor.
Fonte: www.metropoles.com
Fonte: Edilson Rodrigues/Agência Senado