Eletrificação de veículos no Brasil caminha a passos largos

Expertise chinesa chegou ao país há pouco e já assusta demais montadoras

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Há cinco anos, era difícil ver carros elétricos nas ruas ou encontrar postos de recarga pelas cidades brasileiras. Esse cenário vem mudando. O Brasil registra um aumento excepcional nas vendas desse tipo de transporte, impulsionado não apenas pela questão da sustentabilidade, mas também pela economia para os motoristas. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2023, foram vendidas 93.927 unidades de carros elétricos leves no Brasil, um aumento de 191% se compararmos com o ano anterior.

Ricardo Blauth, diretor da Energia Atual, rede de eletropostos com atuação no Paraná, Santa Catarina e São Paulo, afirma que o sucesso dos carros elétricos se deve à China, pioneira na fabricação e exportadora da tecnologia para mais de 80 países. “No Paraná, 7% dos carros vendidos são 100% elétricos, isso quer dizer que, a cada 100 carros vendidos, 7 são elétricos. Se incluirmos os modelos híbridos, 15% de todos os carros vendidos são eletrificados. Um crescimento grande, se considerarmos que o primeiro modelo chegou ao Brasil há pouco”, ressalta o executivo, que traz dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

Nas concessionárias, as vantagens para o motorista adquirir veículos elétricos novos são muitas, dentre elas as facilidades na manutenção. Na concessionária BYD, do Grupo Servopa, alguns automóveis recebem isenção das cinco primeiras manutenções. “Para o carro a combustão, trabalhamos normalmente com manutenções feitas a cada 10 mil quilômetros, já no carro elétrico é possível realizá-las aos 20 mil quilômetros. Isso diminui o custo operacional do carro, tornando a compra vantajosa não apenas para veículos de uso pessoal, mas também para motoristas de aplicativos”, destaca Carlos Alberto, consultor BYD na Servopa.

Outra vantagem é a economia na recarga. Um carro popular que anda 10 quilômetros com um litro de combustível, para rodar 300 quilômetros, gastará algo em torno de R$ 180,00, se considerarmos o valor de combustível a R$ 6,20 por litro. Já o carro elétrico, para o mesmo percurso e se for carregado em casa, visto que quem compra modelos elétricos recebe o carregador, gastará, em média, R$ 0,90 por quilômetro de hora. Ou seja, uma redução de R$ 36,00 no custo”, calcula Carlos.

Alta concorrência

Por outro lado, o sucesso dos carros elétricos e a alta venda das fábricas chinesas têm assustado outras montadoras, que diminuem suas operações drasticamente. É o caso da Volkswagen, montadora alemã com mais de 80 anos de história, que estuda a possibilidade de fechar até três fábricas na Alemanha e reduzir o tamanho das demais unidades fabris no país.

“A preferência mundial, que por muitos anos foi por carros alemães, está mudando. As montadoras chinesas caíram no gosto popular em função do preço altamente competitivo e da melhora acentuada no design e mesmo na qualidade de seus veículos. Isso desestabilizou a Volkswagen, que não conseguiu alavancar a venda dos seus modelos elétricos. Bem por isso, a gigante alemã planeja uma ampla reestruturação para manter a competitividade frente a BYD, GWM, entre outras”, compartilha Augusto Michells, gerente regional da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha – Filial Paraná. Segundo o gerente, a previsão do Gemeinschaftsdiagnose (relatório semestral da economia alemã) para 2024 é de uma estagnação econômica por lá, muito por conta da crise automotiva alemã. “Entretanto, haverá uma recuperação gradual em 2025 e 2026, embora de forma lenta”, explica.

Os profissionais garantem que os carros a gasolina não vão desaparecer, mas as frotas elétricas, tanto de passeio quanto comerciais, tendem a aumentar gradativamente, uma vez que os carros elétricos, uma vez saídos da fábrica, não emitem poluentes, são silenciosos – fator valorizado por portadores de autismos e outras doenças –, conta com manutenção barata, tem muito torque e baixo custo de rodagem.

Os carros elétricos atuais apresentam uma série de vantagens ao consumidor, como segurança e conectividade com demais aparelhos eletrônicos. Isso porque os carros elétricos já vêm de fábrica com elementos de segurança que se comunicam entre si, ou seja, preveem acidentes e previnem a maioria deles. “Se você estiver dirigindo um Volvo atrás de um BYD, que vem atrás de um Tesla, por exemplo, e esse Tesla for fechado inesperadamente e frear, os demais veículos conseguirão fazer predição de tráfego e o Volvo freará. Esse sistema de comunicação diminui a dependência da rápida reação humana”, pontua Carlos Alberto.

Por isso, o consultor BYD na Servopa garante: “Será necessário muito estudo e reestruturação das outras montadoras para chegar mais próximo da perícia dos carros chineses. São muitos engenheiros, doutores e pós-doutores trabalhando nas fábricas da China para entregar um bom produto, com a melhor tecnologia para o consumidor final. Além disso, um grupo de consultores europeus da BYD esteve nas principais capitais brasileiras para verificar quais as técnicas empregadas por aqui que alavancaram fortemente o crescimento das vendas de veículos híbridos e elétricos no país, tornando o Brasil o principal mercado fora da China.

Sobre a AHK Paraná – Estimular a economia de mercado por meio da promoção do intercâmbio de investimentos, comércio e serviços entre a Alemanha e o Brasil, além de promover a cooperação regional e global entre os blocos econômicos. Esta é a missão da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná), entidade atualmente dirigida pelo Conselheiro de Administração e Cônsul Honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas F. H. Hoffrichter.

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