Em Curitiba, obras gráficas serão expostas em mesas que permitem o manuseio e a interação do público.
Começa no dia 10 de abril, na Alfaiataria, em Curitiba, o Programa de Exposições de Mesa criado pela Plataforma Estopim, que difunde projetos de artistas que tenham as artes gráficas e impressas como técnica. O objetivo das mostras é que as obras estejam sobre mesas onde são permitidos o manuseio e o contato direto com fotografias, livros de artistas, impressões e objetos.
Para a curadora do projeto, Luana Navarro, a intenção das Exposições de Mesa é criar uma situação relacional com o artista presente. “A ideia é uma mostra onde os objetos expostos sejam manipuláveis e quebrem essa noção de exposição tradicional, com hierarquias entre quem expõe e o público”, comenta. Nos últimos anos, já passaram pela experiência nomes como Ana Gonzaléz, José Roberto da Silva, Luiza Kons, Maikel da Maia, Miriane Figueira e Walter Thoms.
Ao todo, em 2025 serão apresentadas quatro exposições de artistas paranaenses entre os meses de abril e julho, sempre às primeiras quintas-feiras de cada mês. Os artistas e coletivos foram selecionados através de chamamento público e fazem parte de uma vasta programação da Plataforma que comemora 10 anos.
Quem inicia a série de exposições é a mostra coletiva “Jogos Perigosos”, que conta com os artistas Lucas Alameda, Márcio Costa, Cauê Rocha, João Ito, Ricardo Rodrigues e Ricardo Ayres. O trabalho é resultado de investigações visuais sobre dissidência sexual e de gênero. “Nós pesquisamos a imagem do corpo masculino, numa perspectiva que privilegia o homerotismo”, explica Ayres. “Os impressos foram realizados em diferentes superfícies e apresentaremos obras originais, livros de artista, postais e diferentes materialidades para pensar essa relação do público com os trabalhos”.

Ayres ainda explica que o formato mesa privilegia trabalhos que não podem ser exibidos na sua totalidade numa exposição tradicional, “Esse tipo de trabalho tem a necessidade de toque que uma exposição convencional não permite, onde as pessoas possam folhear, ver o verso da folha, ver detalhes”, completa.
Em maio, quem mostra seus trabalhos é o coletivo Pé Vermelho, da cidade de Maringá, no norte do Paraná. Com uma exposição de acervo, serão exibidos diferentes materiais produzidos e circulados anteriormente em eventos de slams, saraus, oficinas, festivais e feiras. Dentre os trabalhos apresentados, estão cerca de 50 zines, além de caixas de poemas, poemas adesivos, poema dobradura e um álbum de fotos-poema. Todas as publicações são independentes e artesanais.

Para a integrante do coletivo e artista Érica Paiva Rosa, o formato de exposição em mesa é ideal para trabalhos que precisam ser manuseados. “Alguns produtos poéticos pedem as mãos do público e a ideia é que as pessoas abram, fechem, dobrem, virem, desenrolem os materiais na experiência de descobrir cada publicação”. afirma.
Nos meses de junho e julho, passam pela experiência de mesa o trabalho “Urgências”, da Revista Adesiva, de Curitiba e “Com Iracema e Outras Coisas”, de Elke Coelho, de Londrina.
A Plataforma Estopim
A Plataforma Estopim foi criada há 10 anos para difundir projetos de artistas que trabalham com artes gráficas e impressas. Este ano, a programação abrange mostras, ações formativas, publicação comemorativa, feira e um circuito de artes gráficas, além de disponibilizar seu acervo em uma biblioteca física, com múltiplos e publicações de artistas independentes.
A ideia, que teve início em 2014, aconteceu quando os artistas e produtores Luana Navarro e Guilherme Jaccon se conheceram e decidiram criar um espaço que saísse dos formatos tradicionais expositivos. “A gente já pesquisava o universo dos impressos e decidiu fazer algo que fosse mais democrático”, afirma Luana. Com o caráter acessível e democrático da iniciativa, o primeiro evento reuniu 500 pessoas, estabelecendo um marco importante no cenário artístico local. “Foi um público alto de visitação. Vimos que esse era um caminho que tinha interesse do público que consome e também de quem produz”, completa.
Depois disso, não pararam mais. Na pandemia, por exemplo, a Estopim aconteceu de maneira online com um web site, lives de palestrantes, uma publicação experimental e venda de trabalhos. “O interessante sempre foi poder gerar renda e movimentar o circuito da arte. Por isso, nosso projeto envolve sempre muitas pessoas”, diz Jaccon.
Para Guilherme, que pondera sobre o meio das artes visuais ser um universo solitário, as edições das feiras atuam para mostrar a importância do coletivo. “A Estopim conseguiu dar ênfase aos fazeres coletivos e fomentou a criação de novos espaços onde o legal é justamente o encontro direto entre o público e os artistas, com foco em humanizar essa relação no campo das artes”.
O projeto tem o incentivo do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná (PROFICE) e apoio da Companhia Paranaense de Energia (Copel).
Serviço:
Exposição “Jogos Perigosos”
Artistas: Lucas Alameda (Curitiba/PR), Bixa Tropical (Salvador/BA), Cauê Xopo (São Paulo/SP), João Ito (Curitiba/PR), Ricardo Rodrigues (Canoas/RS) e Ricardo Ayres (Pelotas/RS)
Data: 10 de abril de 2025
Horário: 18h30 às 22h
Local: Alfaiataria Espaço de Artes – Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba/PR
Entrada gratuita
Exposição: “Acervo do Coletivo Pé Vermelho” (Maringá/PR)
Data: 08 de maio de 2025
Horário: 18h30 às 22h
Local: Alfaiataria Espaço de Artes – Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba/PR
Entrada gratuita
Exposição de Mesa 3: “Urgências”, de Revista Adesiva (Curitiba/PR)
Data: 12 de junho de 2025
Horário: 18h30 às 22h
Local: Alfaiataria Espaço de Artes – Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba/PR
Entrada gratuita
Exposição de Mesa 4: “Com Iracema e outras coisas”, de Elke Coelho (Londrina/PR)
Data: 10 de julho de 2025
Horário: 18h30 às 22h
Local: Alfaiataria Espaço de Artes – Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba/PR
Entrada gratuita