Um áudio revelado recentemente expõe uma conversa entre dois funcionários da manutenção da Voepass, ocorrida um mês após a queda de um avião ATR 72-500 em Vinhedo, no interior de São Paulo. Na gravação, um dos funcionários expressa arrependimento e insônia por não ter reportado uma falha detectada no dia anterior ao acidente, alegando ter sido impedido por seus superiores.
Na conversa, o funcionário relata ter recebido instruções para omitir o problema mecânico. “Eu estou com um remorso desgraçado. Eu não estou nem conseguindo dormir desde isso aí. Errei, errei de não ter mandado por escrito”, desabafa o mecânico, cuja identidade não foi revelada. Ele justifica sua omissão afirmando que “foge do meu cargo, foge da minha autoridade, de tudo”.
O segundo funcionário, na mesma gravação, sugere ao colega que guarde evidências para futuras investigações: “Por isso que a gente sempre usa aquela tática: printa, manda para o seu celular, guarda isso daí em algum lugar. É uma sujeira que fico, a cada dia que passa, mais enojado com isso”.
Um ano após o acidente, que resultou em fatalidades, veio à tona que detalhes cruciais foram deliberadamente suprimidos do diário de bordo, poucas horas antes da decolagem.
Outro mecânico da empresa já havia relatado, anonimamente, que os sistemas de degelo da aeronave não estavam funcionando corretamente. O comandante teria tentado um pouso em Ribeirão Preto, levando o avião ao solo, e solicitado manutenção. No entanto, essa queixa não foi formalmente registrada. A alegação é que a equipe operava sob pressão e recebia ordens para evitar o registro de panes nas aeronaves. O acidente resultou na morte de todos a bordo: 58 passageiros e quatro tripulantes.