Rosana Souza Cerqueira, uma consultora imobiliária de 50 anos, teve sua vida drasticamente alterada aos 35 anos, quando sofreu dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs) em um curto período de tempo. Os eventos deixaram sequelas e revelaram uma malformação cardíaca congênita até então desconhecida.
Em 1º de fevereiro de 2011, Rosana, que trabalhava em uma escola, começou a sentir fortes dores de cabeça e mal-estar. Colegas notaram que ela mancava ao andar, um sinal que ela própria não havia percebido. A busca por atendimento médico revelou o diagnóstico de AVC isquêmico, levando a uma internação na UTI.
A saga de Rosana continuou meses depois, em maio de 2011, quando sofreu um segundo AVC durante uma sessão de fisioterapia. A recuperação foi árdua, exigindo acompanhamento neurológico, fisioterápico e fonoaudiológico. As dificuldades físicas e emocionais foram intensas, culminando em ansiedade e depressão.
“Sentia pânico sempre que tinha dor de cabeça, achando que poderia ser outro AVC”, relata Rosana, expressando o trauma vivido. A causa dos AVCs em uma pessoa jovem, ativa e sem histórico de vícios intrigava os médicos. Um exame específico, o ecocardiograma transesofágico, revelou a resposta: um forame oval patente (FOP).
O FOP é uma malformação cardíaca comum, presente em até 20% da população, onde uma comunicação entre os átrios do coração não se fecha adequadamente após o nascimento. Embora frequentemente assintomático, o FOP pode estar associado a AVCs em jovens. A neurologista vascular Letícia Rebello, da Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC), explica: “Na maioria das pessoas com diagnóstico de FOP, não há quaisquer sintomas ou limitações relacionados à alteração. No entanto, essa correlação existe principalmente na população jovem com história de AVC e sem outros fatores de risco”.
Após o diagnóstico, Rosana optou por um procedimento minimamente invasivo para fechar o FOP, realizado por cateterismo. A cirurgia foi bem-sucedida, e Rosana segue com acompanhamento médico regular, tomando anticoagulante e medicamento para controlar a pressão. Apesar dos desafios, ela busca conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do AVC e da atenção aos sinais da doença, que pode afetar pessoas de todas as idades.
Fonte: http://www.metropoles.com