O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta segunda-feira ao interrogatório de Jair Bolsonaro e outros sete réus, peças-chave no suposto plano de golpe de Estado que teria ocorrido após as eleições de 2022. A sessão, que marca uma etapa crucial na fase de instrução penal, visa colher novas provas e esclarecer as acusações que pesam sobre os envolvidos.
O interrogatório, conduzido presencialmente no plenário da Primeira Turma do STF a partir das 14h, começou com o depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, seguindo a legislação que prioriza réus colaboradores. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética, respondendo a questionamentos sobre suas vidas pessoais e a veracidade das acusações.
Entre as perguntas que serão feitas, destacam-se aquelas relacionadas à participação em reuniões para articular o plano de golpe, à elaboração da minuta de decreto para instaurar estado de exceção, e ao incentivo à desconfiança nas urnas eletrônicas. Os réus têm o direito de negar as acusações, apresentar suas versões dos fatos, indicar provas e rebater os elementos da investigação, ou permanecer em silêncio caso a resposta possa incriminá-los, conforme garante a Constituição.
Nas semanas anteriores, o STF ouviu mais de 50 testemunhas arroladas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas. Testemunhas de defesa relataram que, após a derrota, o ex-presidente se mostrava abatido, mas disposto a entregar o cargo.
Figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o senador Hamilton Mourão e o senador Ciro Nogueira apresentaram versões semelhantes, descrevendo Bolsonaro como “triste”, “abatido” ou “resignado” após as eleições, negando discussões sobre ruptura institucional e afirmando que ele aceitou iniciar a transição de governo. No entanto, duas testemunhas da PGR relataram reuniões em que Bolsonaro avaliou medidas de exceção e discutiu uma minuta para impedir a posse de Lula.
Os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Júnior, relataram reuniões em que foram apresentados estudos sobre a possível decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou de um estado de defesa. Em uma dessas reuniões, segundo os relatos, chegou-se a cogitar a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
Após os interrogatórios, defesa e acusação terão cinco dias para requerer diligências complementares. Em seguida, apresentarão suas alegações finais em 15 dias. O ministro relator do caso preparará seu voto, e o julgamento, marcado pelo presidente da Turma, Cristiano Zanin, decidirá pela condenação ou absolvição dos réus.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br