A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) deu início a uma consulta pública crucial nesta segunda-feira (9/6), que pode expandir o acesso ao Wegovy, a caneta injetável utilizada no tratamento da obesidade. A iniciativa visa analisar a viabilidade de incorporar o medicamento à lista de fármacos distribuídos pelo governo, marcando um possível avanço no combate à obesidade no Brasil.
O primeiro parecer da Conitec, contudo, apresentou uma avaliação desfavorável à inclusão, levantando questionamentos sobre o custo-benefício e o impacto orçamentário da medida. Segundo o relatório da comissão, a “elevada razão custo-efetividade incremental da tecnologia avaliada” e a “incerteza do tempo de uso da semaglutida” foram fatores determinantes para a recomendação inicial.
No entanto, a decisão final ainda não está selada. A consulta pública, que se estenderá até 30 de junho, busca coletar contribuições da sociedade para reavaliar a posição inicial. Participantes podem acessar o formulário através do link disponibilizado pelo governo, influenciando diretamente a futura disponibilidade do tratamento no SUS.
Caso aprovada a incorporação, o tratamento com Wegovy no SUS deverá ser direcionado a pacientes específicos: aqueles com histórico de problemas cardiovasculares, sem diabetes e com idade a partir de 45 anos. A medida busca priorizar os casos em que o medicamento possa trazer o maior benefício em termos de saúde pública.
A Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, defende a inclusão do medicamento no SUS. De acordo com Priscilla Mattar, vice-presidente médica do laboratório no Brasil, a semaglutida “preenche uma lacuna” no tratamento da obesidade, oferecendo uma opção farmacológica eficaz entre intervenções leves, como dieta e exercícios, e a cirurgia bariátrica, um procedimento mais invasivo. A empresa propôs um custo de R$ 1.090 para as doses de 2,4 mg e R$ 727 para a de 1,7 mg, valores próximos, mas inferiores ao preço máximo de venda ao governo.
Aprovado pela Anvisa em janeiro de 2023 e lançado no mercado brasileiro em agosto de 2024, o Wegovy se destaca por sua prescrição específica para obesidade e sobrepeso, diferentemente do Ozempic, que tem sido utilizado “off label” para emagrecimento. Estudos clínicos demonstraram que o medicamento pode reverter a obesidade em metade dos participantes que fizeram uso contínuo da substância, além de reduzir em 20% o risco de infarto e AVC em testes de longo prazo.
Fonte: http://www.metropoles.com
