Violeta Barrios de Chamorro, a primeira mulher a presidir a Nicarágua e figura chave na transição democrática do país, faleceu neste sábado, aos 95 anos, em San José, Costa Rica. Ela estava cercada pela família, após enfrentar uma longa enfermidade. Seus filhos divulgaram um comunicado informando que Chamorro faleceu em paz, recebendo cuidados especiais nos seus últimos dias.
Distante da vida pública há cerca de duas décadas, Violeta Chamorro havia se mudado para a capital costarriquenha em outubro de 2023, buscando a proximidade de três de seus quatro filhos, que vivem no exílio por se oporem ao regime de Daniel Ortega. Sua trajetória, marcada pela luta pela liberdade e pela democracia, a consagrou como um ícone na história nicaraguense.
Antes de ascender à presidência, Chamorro já era uma figura proeminente na política nicaraguense. Após o assassinato de seu marido, o jornalista Pedro Joaquín Chamorro Cardenal, crítico ferrenho da ditadura de Anastasio Somoza, ela assumiu a direção do jornal *La Prensa*. Sob sua liderança, o jornal intensificou a defesa da liberdade de expressão e da redemocratização do país.
Em 1979, Violeta integrou a junta provisória que governou a Nicarágua após a queda da dinastia Somoza, um movimento que contou inicialmente com o apoio da Frente Sandinista de Libertação Nacional. No entanto, logo se distanciou do grupo, divergindo do projeto liderado por Daniel Ortega. A ex-presidente é lembrada por ter dito: “A liberdade é o bem mais precioso que temos”.
Em 1990, Chamorro alcançou a presidência ao derrotar Ortega nas eleições, marcando uma ruptura com a orientação socialista dos sandinistas e abrindo caminho para reformas liberais. Seu governo implementou ajustes econômicos, atraiu investimentos e promoveu a liberdade de imprensa e o debate político. O período de sua gestão é amplamente considerado um intervalo democrático entre fases autoritárias na Nicarágua.
Embora tenha enfrentado críticas por sua aproximação com os Estados Unidos e a CIA, em um contexto de combate ao narcotráfico e contenção dos sandinistas, o legado de Violeta Barrios de Chamorro permanece como um marco na história recente da Nicarágua. Seu compromisso com a democracia e a liberdade continua a inspirar gerações de nicaraguenses.
Fonte: http://revistaoeste.com