A validade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tornou-se o centro de um intenso debate. No programa “O Grande Debate” da CNN Brasil, os comentaristas Caio Coppolla e José Eduardo Cardozo divergiram sobre o impacto da acareação entre Cid e o general Walter Braga Netto, e da divulgação de novos áudios atribuídos a Cid, na ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
A acareação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF, está agendada para a próxima terça-feira (24). A medida visa confrontar as versões de Cid e Braga Netto, em meio a crescentes questionamentos sobre a veracidade das informações prestadas pelo ex-ajudante de ordens em seu acordo de colaboração.
Caio Coppolla defende a anulação imediata da delação, argumentando que os áudios revelam que Cid teria mentido em seus depoimentos à Polícia Federal e ao STF. “Está claro que ele mentiu descaradamente nos depoimentos, não apenas à Polícia Federal, mas também ao STF. Ao que tudo indica, Mauro Cid inventou fatos para se adequar à tese da acusação e à narrativa de golpe”, afirmou Coppolla.
Em contrapartida, José Eduardo Cardozo pondera que a anulação de uma delação só se justifica em casos extremos, como coação. Ele argumenta que eventuais descumprimentos do acordo, como o uso de redes sociais ou mesmo a prestação de informações falsas, poderiam levar à rescisão do acordo, com a perda dos benefícios concedidos, mas não necessariamente à anulação das provas já produzidas.
“Os áudios e eventuais descumprimentos do acordo de delação não invalidam as eventuais provas produzidas a partir do que Cid falou. E pode ser utilizado, inclusive, numa eventual condenação de Cid”, explicou Cardozo, ressaltando a complexidade jurídica do caso e a necessidade de cautela na análise das consequências da acareação e das novas evidências.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
