O crescente mercado de apostas online no Brasil, impulsionado por plataformas de bets esportivas e jogos como o popular “tigrinho”, acende um alerta sobre os potenciais impactos negativos na saúde mental e nas finanças dos usuários. Especialistas alertam para os riscos de dependência e perdas financeiras significativas.
No 13º episódio da 3ª temporada do programa Mapa Mental, do GainCast, o psicólogo Jan Leonardi, especialista em comportamento humano, desmistifica a falsa ideia de ganho fácil associada às apostas. Leonardi, doutor em psicologia clínica pela USP e referência na área, compara as apostas a uma armadilha, distante da lógica de investimentos racionais e calculados.
Leonardi explica que as plataformas de apostas utilizam gatilhos psicológicos, como notificações e bônus, para manter os usuários engajados em um ciclo vicioso de perdas e tentativas de recuperação. “Se de vez em quando eu der alguma coisinha, mesmo que na soma total ele muito mais perdeu do que ganhou, mantenho ele ali”, afirma.
O psicólogo também destaca que o discurso de “dinheiro fácil” explorado nas redes sociais ativa um viés cognitivo natural do ser humano, o pensamento rápido e automático. Esse atalho mental impede uma análise crítica da promessa, tornando o indivíduo mais vulnerável à armadilha das apostas.
Adolescentes e pessoas com transtornos de ansiedade, déficit de atenção ou traços de impulsividade são particularmente suscetíveis aos perigos das apostas online. Leonardi adverte que o principal efeito para quem perde o controle e acumula perdas é a depressão, um quadro clínico comum em situações de grandes perdas.
Para quem busca evitar ou superar o vício em apostas, Leonardi recomenda analisar a frequência com que se pensa em jogar e se atividades importantes estão sendo negligenciadas em prol das apostas. “Não acredite que você vai conseguir ganhar. Você não vai ganhar. Você sempre vai mais perder do que ganhar numa proporção absurda”, sentencia.
Leonardi critica a imoralidade do mercado de apostas e, principalmente, o papel dos influenciadores que o divulgam, muitas vezes sem necessidade financeira. “O verdadeiro imoral são os divulgadores. A esmagadora maioria das pessoas que fazem propaganda de bets e tigrinho não precisam. São pessoas que já têm grana”, conclui.
Fonte: http://www.infomoney.com.br
