A recente derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional lança uma sombra de incerteza sobre o mercado financeiro brasileiro. Raphael Figueredo, estrategista de renda variável da XP Inc., alerta para um possível aumento do dólar e uma queda na Bolsa de Valores em resposta a esse revés governamental. A análise foi feita durante o programa Morning Call da XP nesta quinta-feira (26).
Figueredo expressou preocupação com a falta de uma solução clara para compensar a perda de receita gerada pela derrubada do decreto. Ele criticou a aprovação de um aumento no número de parlamentares, que acarretaria em um aumento de despesas, contrastando com o discurso de eficiência do Estado. “Isso pode criar um cenário em que todo mundo rema para um lado e a gente não encontra uma solução. Então, sob a ótica de investimentos, é ruim”, afirmou.
O estrategista da XP acredita que a situação eleva a incerteza e a volatilidade, podendo levar a quedas na bolsa e alta do dólar. Ele ressalta que, embora o mercado tenha apresentado alta nesta quinta-feira, a sessão anterior foi marcada por um avanço da divisa americana e queda do Ibovespa. A reação do mercado demonstra a sensibilidade dos investidores às decisões políticas e seus impactos econômicos.
Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo avalia três alternativas: acionar a Justiça, buscar novas fontes de receita ou promover cortes no Orçamento. Haddad também sinalizou que o Executivo considera a medida inconstitucional, com base em pareceres da AGU e da PGFN. A decisão final caberá ao presidente Lula, mas a indefinição contribui para o clima de cautela no mercado.
Figueredo adverte que uma possível judicialização do caso pode aumentar ainda mais o prêmio de risco e a incerteza. “E parte da queda do mercado de ontem tem a ver com isso”, conclui. Ele questiona de onde o governo buscará os R$ 20 bilhões necessários para cumprir a meta fiscal, caso o decreto do IOF seja definitivamente derrubado. O estrategista também considera improvável um corte de gastos abrangente que envolva todas as esferas do governo.
Fonte: http://www.infomoney.com.br
