A recente derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional gerou um clima de apreensão no mercado financeiro. Segundo Raphael Figueredo, estrategista de renda variável da XP Inc., a medida eleva a incerteza e pode impactar negativamente os ativos brasileiros, com potencial alta do dólar e queda da Bolsa.
Figueredo, durante participação no programa Morning Call da XP, destacou a falta de clareza sobre como o governo pretende compensar a perda de arrecadação. “Como não há uma solução prática para o cumprimento da meta fiscal, e de um lado o Congresso derruba um decreto, mas por outro aprova um aumento no número de parlamentares, por exemplo, que seria uma elevação de despesas…isso pode criar um cenário em que todo mundo rema para um lado e a gente não encontra uma solução”, afirmou.
O estrategista da XP ressaltou que a aparente contradição entre a busca por eficiência fiscal e o aumento de despesas no Legislativo agrava a desconfiança dos investidores. Essa dinâmica, segundo ele, pode levar a um aumento da volatilidade e incerteza, resultando em queda das bolsas e valorização do dólar. Embora o mercado tenha apresentado reação positiva nesta quinta-feira, o dia anterior foi marcado por perdas no Ibovespa e alta da moeda americana.
Diante do revés no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo estuda três alternativas: recorrer à Justiça, buscar novas fontes de receita ou realizar cortes no Orçamento. A decisão final caberá ao presidente Lula, mas Haddad já sinalizou que o governo considera a derrubada do decreto inconstitucional, com base em pareceres da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Figueredo alertou que uma eventual judicialização do caso aumentaria ainda mais a incerteza e o prêmio de risco no mercado. “E parte da queda do mercado de ontem tem a ver com isso. Se vai derrubar, então de onde o governo vai arrumar, de acordo com a equipe econômica, os R$ 20 bilhões para cumprir a meta fiscal?”, questionou o analista, demonstrando preocupação com o impacto da medida no cumprimento das metas fiscais. Além disso, ele considera improvável que o governo consiga realizar um corte de gastos abrangente em todas as esferas.
Fonte: http://www.infomoney.com.br