A desnutrição em pacientes oncológicos emerge como um fator crítico, impactando negativamente os resultados do tratamento, o prognóstico e a qualidade de vida. Esse efeito é particularmente notável em mulheres, que frequentemente enfrentam o tratamento enquanto equilibram demandas profissionais e pessoais. Assim, a nutrição especializada ganha destaque como um componente vital do cuidado multidisciplinar em oncologia.
A intervenção nutricional precoce, iniciada logo no começo do tratamento, demonstra benefícios significativos. Estudos revelam melhorias no peso corporal, no índice de massa corporal (IMC) e no consumo de proteínas e calorias. Essa abordagem proativa otimiza o estado nutricional geral do paciente, preparando o corpo para enfrentar os desafios da terapia.
Uma nutrição adequada influencia diretamente a tolerância aos tratamentos, a preservação da massa muscular e o bem-estar físico e emocional. Pacientes bem nutridos tendem a tolerar melhor a quimioterapia e a radioterapia, apresentando menos efeitos colaterais graves, menor necessidade de internações e um aumento nos níveis de energia e qualidade de vida.
Durante o tratamento, adaptações na rotina alimentar são cruciais. Em ciclos de quimioterapia, por exemplo, náuseas e alterações no paladar podem dificultar a alimentação. Alimentos frios, como frutas geladas e iogurtes, geralmente são mais bem tolerados, enquanto gengibre, hortelã e limão podem ajudar a aliviar a náusea.
Para combater o cansaço e preservar a força, a dieta deve priorizar carboidratos integrais (aveia, arroz integral, batata-doce), proteínas magras (frango, peixe, ovos, leguminosas) e hidratação constante (água, sucos naturais, caldos leves). A prática de atividade física leve, sob supervisão, também contribui para manter a disposição e a massa muscular.
É importante evitar erros comuns, como dietas restritivas que eliminam grupos alimentares essenciais, o que pode levar à perda de peso indesejada e à queda da imunidade. O uso indiscriminado de suplementos ou alimentos com supostos efeitos anticâncer também deve ser evitado, pois podem interferir nos medicamentos ou causar toxicidade. Como alerta o oncologista Gustavo de Oliveira Bretas: “Mesmo substâncias naturais devem ser usadas com orientação profissional.”
Um dos mitos mais comuns é a crença de que “o açúcar alimenta o câncer”. Embora o consumo excessivo de açúcar seja prejudicial, eliminá-lo completamente da dieta não é necessário. Todas as células do corpo, inclusive as saudáveis, utilizam glicose como fonte de energia. O foco deve ser moderação, equilíbrio e qualidade nutricional.
Cada paciente possui necessidades específicas que variam ao longo do tratamento. O ideal é contar com um plano alimentar individualizado, elaborado por um nutricionista oncológico. Esse profissional considera o tipo e estágio do câncer, os efeitos colaterais e as preferências alimentares do paciente, otimizando a nutrição como uma ferramenta estratégica no cuidado integral.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br