O governo brasileiro intensifica esforços para mitigar o impacto da recente tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. Um comitê interministerial se reunirá nesta sexta-feira com representantes do setor mineral, considerado crucial para as negociações com a administração de Donald Trump. A expectativa é que o encontro defina uma estratégia para proteger os interesses brasileiros.
A reunião será liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também exerce a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), também marcará presença, reforçando a importância do setor mineral na busca por soluções.
Autoridades brasileiras vislumbram um tratamento diferenciado para minerais estratégicos, especialmente as terras raras, no contexto das tarifas. A crescente demanda global por esses minerais, essenciais para a produção de baterias e tecnologias avançadas, coloca o Brasil em uma posição estratégica para negociação.
A iniciativa surge em um cenário de disputa global pelo domínio do mercado de minerais raros, atualmente liderado pela China. Reduzir a dependência de Pequim tornou-se uma prioridade para o governo Trump, abrindo oportunidades para o Brasil fortalecer sua posição como fornecedor alternativo.
Os Estados Unidos demonstram forte interesse nos minerais brasileiros, tradicionalmente destinados ao mercado chinês, que responde por cerca de 70% das exportações do setor. “O governo está empenhado em encontrar soluções que preservem os interesses do Brasil e fortaleçam nossas relações comerciais com outros países”, afirmou um representante do governo.
Em 2024, já ocorreram dois encontros entre autoridades brasileiras e enviados de Trump para discutir a cooperação na produção de minerais críticos. O Ibram organizou o encontro mais recente, no final de junho, que contou com a presença do encarregado de Negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar.
Adicionalmente, o governo brasileiro avalia a inclusão de minerais como lítio, cobalto e níquel em um “regime especial” de negociação. Um dos principais argumentos a serem apresentados aos EUA é a necessidade de diversificar o mercado, reduzindo a dependência da China, que detém grande parte da capacidade global de produção de baterias.
Na última terça-feira, o governo federal iniciou uma série de reuniões com representantes do setor privado para alinhar estratégias de negociação com os Estados Unidos. O objetivo é aproveitar o conhecimento e o acesso dos empresários ao mercado americano para fortalecer a posição do Brasil nas negociações.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br