O passado climático de Marte continua a intrigar cientistas e a gerar debates acalorados. Apesar do consenso sobre a presença de água líquida no passado do planeta vermelho e uma subsequente transição climática, dois estudos recentes apresentam visões opostas sobre as condições ambientais predominantes em Marte há bilhões de anos.
Um estudo, liderado por Adam Losekoot, da Open University, baseia-se na análise geomorfológica orbital de extensos sistemas fluviais fossilizados. Em contrapartida, a pesquisa de Edwin Kite e sua equipe, da Universidade de Chicago, utiliza modelagem climática computacional, incorporando dados coletados pelo rover Curiosity, para reconstruir o clima marciano ao longo do tempo.
Ambos os estudos concordam com a existência de água líquida na superfície de Marte em tempos remotos, evidenciada pela atividade fluvial e deposição de sedimentos. Além disso, há um consenso de que o planeta passou por uma mudança climática significativa, transitando de um período inicial para um clima mais frio e seco. No entanto, as divergências surgem ao detalhar a natureza desse clima.
Enquanto Losekoot argumenta a favor de longos períodos de clima ameno e úmido, propício para a formação de rios duradouros e o acúmulo de sedimentos, Kite propõe um cenário onde Marte era predominantemente frio e árido. Segundo Kite, a água líquida surgiria apenas em raros oásis, isolados por extensos períodos de seca, moldando uma paisagem inóspita.
Essas interpretações conflitantes têm implicações importantes para a avaliação da habitabilidade marciana. “Marte já foi um planeta muito mais complexo e ativo do que é agora”, afirma Losekoot. Um clima ameno e úmido favoreceria o desenvolvimento e a persistência de vida, enquanto um ambiente frio e árido limitaria drasticamente as possibilidades biológicas, possivelmente restritas a nichos subterrâneos.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
