Colorir, uma atividade frequentemente associada à infância, ressurge como um passatempo popular entre adultos, oferecendo benefícios que vão além do simples relaxamento. Um dos exemplos recentes desse fenômeno é o sucesso de “Bobbie Goods”, uma série de livros de colorir criados pela ilustradora californiana Abbie Bobbie Gouveia.
Com ilustrações adoráveis de animais em cenários cotidianos, como coelhos, ursos, patinhos e gatos, os livros “Bobbie Goods” conquistaram um espaço especial na rotina de adultos que buscam momentos de foco, tranquilidade e bem-estar. Mas os benefícios de colorir vão além do alívio do estresse, impactando positivamente a saúde cognitiva.
Especialistas apontam que a atividade de colorir estimula a atenção plena, a tomada de decisões e a memória de trabalho, funções essenciais para a manutenção da saúde cerebral. “A prática regular de atividades cognitivas é essencial não apenas para a prevenção de doenças neurodegenerativas, mas também para a manutenção das funções cerebrais ao longo do envelhecimento”, destaca a neurologista Thaís Augusta Martins, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília. “O cérebro precisa ser desafiado de maneira constante para preservar suas habilidades”.
Além dos livros de colorir, outras atividades como leitura, aprendizado de novos idiomas, resolução de palavras cruzadas e envolvimento com artes manuais também são eficazes para estimular diferentes domínios cognitivos. Colorir oferece uma pausa revigorante do uso excessivo de telas, promove relaxamento, melhora a coordenação motora e aumenta a concentração.
No cérebro, colorir ativa uma rede neural complexa, desde o córtex visual que processa formas e cores, até o córtex motor que coordena os movimentos das mãos. Simultaneamente, o córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento e atenção, entra em ação na escolha das cores e no respeito aos limites dos desenhos. “Colorir exige foco atencional, memória visual de trabalho e tomada de decisões”, explica Thaís Martins. O sistema de recompensa do cérebro também é ativado, liberando dopamina e aumentando a sensação de prazer e realização.
Em um mundo cada vez mais digital, colorir oferece uma conexão com a infância e uma pausa nos estímulos constantes. A psicóloga Letícia Pizarro, do Grupo Reinserir, em São Paulo, explica que “a atenção no pintar permite uma diminuição do fluxo de pensamentos acelerados ou negativos acentuados pelas redes sociais e excesso de tecnologia e ainda ajuda a criar um momento de silêncio mental, devido a entrega para o momento”. A redescoberta dessa atividade simples demonstra a busca por conexões entre corpo e mente que transcendem a tecnologia, promovendo bem-estar e saúde mental.
Fonte: http://www.metropoles.com