O ataque na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS), que resultou na morte de um aluno e deixou outros feridos, reacendeu um debate crucial: a possível ligação entre comportamento retraído e a propensão à violência. O agressor, um adolescente de 16 anos, era descrito como isolado e com dificuldades de socialização, um perfil que, segundo o delegado Jorge Fracaro Pierezan, responsável pela investigação, é comum em autores de ataques escolares.
O caso levanta a questão: até que ponto o comportamento retraído pode ser um sinal de alerta? É importante notar que a polícia concluiu que a escola foi atacada aleatoriamente.
De acordo com a Polícia Civil, o adolescente chegou à escola com uma mochila, alegando que entregaria um currículo e precisava usar o banheiro. Após sair do banheiro, ele atacou alunos e professores com uma faca, resultando na morte de Vitor André Kungel Gambizari, de 9 anos. Outras duas meninas, de 8 anos, e uma professora ficaram feridas. A tragédia poderia ter sido ainda maior, não fosse o treinamento de emergência que a escola havia realizado recentemente.
A coordenadora pedagógica Talita Rangel, em entrevista ao Metrópoles, ressalta que o comportamento retraído, por si só, não deve ser interpretado como um indicativo de risco. “O simples fato de um aluno ser mais quieto não significa que ele representa risco ou está em sofrimento. O verdadeiro sinal de alerta é quando há mudanças perceptíveis no comportamento, independentemente de a criança ser mais introvertida ou não”, afirma.
A agressividade dentro da escola, segundo Talita, pode ter origem em fatores externos, como conflitos familiares, negligência ou exposição à violência. “Quando não há um canal de escuta e acolhimento adequado, o sofrimento pode se traduzir em comportamentos agressivos e menos respeitosos”, explica. A escola, portanto, deve ir além do papel acadêmico e estar atenta aos aspectos emocionais e sociais dos alunos.
O delegado responsável pelo caso também enfatizou a importância do preparo da escola, mencionando que um treinamento de evacuação realizado uma semana antes do ataque foi fundamental para minimizar os danos. “As crianças correram como haviam aprendido; apenas uma chegou a cair”, relatou.
O inquérito policial concluiu que o adolescente cometeu ato infracional análogo a homicídio consumado e cinco tentativas de homicídio. Ele permanece internado provisoriamente em um centro socioeducativo, enquanto o caso segue para o Ministério Público do Rio Grande do Sul.
Fonte: http://www.metropoles.com