A recente perda da cantora Preta Gil, aos 50 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer de intestino, lança luz sobre um fenômeno alarmante: o crescente número de casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos. Diagnosticada em janeiro de 2023, a artista lutava contra a doença, e sua história serve como um doloroso lembrete da importância da conscientização e prevenção. O caso de Preta Gil reacende o debate sobre os fatores que contribuem para essa tendência preocupante.
O câncer de intestino, que afeta principalmente o cólon e o reto, tem se tornado cada vez mais comum entre os jovens. A doença se desenvolve a partir de pólipos que surgem nas paredes do órgão e pode ser desencadeada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Especialistas alertam que a rotina alimentar, rica em alimentos ultraprocessados, e o uso indiscriminado de antibióticos, podem ter um peso significativo no aumento da ocorrência da doença.
Um estudo publicado na revista Nature em abril deste ano, revelou uma possível ligação entre o aumento de diagnósticos e a colibactina, uma toxina produzida por bactérias intestinais. Segundo Ludmil Alexandrov, biólogo computacional da Universidade da Califórnia em San Diego, “esses padrões de mutação são uma espécie de registro histórico no genoma e apontam para a exposição precoce à colibactina como uma força motriz por trás do início precoce da doença”. A pesquisa reforça a importância de investigar a fundo os fatores de risco para o câncer de intestino em jovens.
Fique atento aos sinais de alerta do câncer de intestino. A presença de sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, afilamento das fezes, cólicas abdominais frequentes, fadiga, perda de peso e anemia crônica são alguns dos sintomas que merecem atenção. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
Apesar de muitas vezes os sintomas serem inespecíficos, a detecção pode ser realizada através de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias, como a colonoscopia e a retossigmoidoscopia. A oncologista Marcela Crosara, do Hospital DF Star, enfatiza: “O tratamento evoluiu e oferece maior chance de cura para o paciente, mas antes é preciso quebrar o tabu da colonoscopia. Por mais que seja um exame invasivo, ela pode ser o primeiro passo para salvar alguém com o câncer”. O Ministério da Saúde recomenda que o exame seja feito a partir dos 50 anos, mas, em casos de histórico familiar, o rastreamento deve ser iniciado antes.
A prevenção do câncer de intestino passa pela adoção de hábitos saudáveis. A prática regular de exercícios físicos e uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras e cereais integrais, são essenciais. Além disso, é importante reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas ou processadas, beber pelo menos dois litros de água por dia, evitar o consumo de álcool e o tabagismo e manter o peso adequado.
Fonte: http://www.metropoles.com