O general da reserva Mario Fernandes, que ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro, admitiu em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) ser o idealizador do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”. A confissão ocorreu nesta quinta-feira (24), lançando novas luzes sobre as investigações em curso.
O plano em questão detalhava a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. A revelação chocou o cenário político e jurídico, intensificando o debate sobre a radicalização de setores militares e suas possíveis implicações para a democracia brasileira.
Fernandes alega que o plano nunca saiu do papel, tratando-se apenas de um exercício intelectual. Segundo ele, o documento era um “pensamento” seu, um “estudo de situação” que foi digitalizado, mas nunca apresentado ou compartilhado com terceiros. “Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado”, declarou.
O general confirmou ter impresso o documento para facilitar a leitura, mas afirma tê-lo destruído logo em seguida. A Procuradoria-Geral da República (PGR) questiona a impressão de múltiplas cópias e a reimpressão em datas distintas, levantando suspeitas sobre a veracidade da versão apresentada por Fernandes.
Mario Fernandes iniciou sua carreira militar na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1983. Ele ascendeu ao posto de general de brigada em 2016 e, entre 2018 e 2020, liderou o Comando de Operações Especiais. Sua trajetória no governo Bolsonaro o colocou no centro de discussões sobre estratégias para manter o ex-presidente no poder.
As investigações da Polícia Federal (PF) indicam que o plano para assassinar autoridades seria executado em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula. O grupo, formado majoritariamente por militares das Forças Especiais do Exército, planejava envenenar os alvos e instaurar um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”.
De acordo com a PF, Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano. A delação de Mauro Cid aponta Mario Fernandes como um dos generais que mais incentivavam uma ação das Forças Armadas para impedir a posse de Lula, intensificando as suspeitas de uma trama golpista.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br