A remoção da vesícula biliar, conhecida como colecistectomia, é uma das cirurgias abdominais mais realizadas no Brasil, frequentemente indicada para tratar cálculos biliares, as famosas “pedras na vesícula”. Estima-se que até 20% da população brasileira sofra com esse problema, tornando a cirurgia uma opção comum para muitos.
Um estudo recente, publicado no Brazilian Journal of Health Review, revelou a magnitude do problema no sistema de saúde. Entre 2019 e 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 1,3 milhão de internações relacionadas a problemas na vesícula em pacientes com mais de 15 anos.
Os dados da pesquisa também apontam uma disparidade de gênero: a incidência de colecistopatia calculosa é significativamente maior em mulheres, sendo 3,1 vezes mais frequente do que em homens. Das internações analisadas, mais de um milhão foram de mulheres.
Apesar de ser uma cirurgia rotineira, muitos se perguntam como o corpo se adapta à ausência da vesícula. Contrariamente à crença popular, não se remove apenas as pedras, mas sim o órgão inteiro, responsável por armazenar a bile, essencial na digestão de gorduras.
Felizmente, o corpo humano possui uma notável capacidade de adaptação. Após a colecistectomia, a bile passa a fluir continuamente para o intestino, independentemente da ingestão de alimentos. “A recuperação da colecistectomia, geralmente é tranquila e muito bem tolerada”, explica o cirurgião Victor Edmond Seid, do Hospital Israelita Einstein.
As pedras na vesícula surgem devido a um funcionamento inadequado do órgão e ao desequilíbrio dos componentes da bile. Fatores como obesidade, alterações no colesterol, perda de peso rápida, idade acima de 40 anos, gestações múltiplas e cirurgias no esôfago e estômago aumentam o risco.
Os sintomas mais comuns incluem dor no lado direito do abdômen, especialmente após refeições ricas em gordura, além de náuseas e má digestão. Mesmo sem sintomas aparentes, as pedras podem levar a complicações como pancreatite ou colecistite, tornando a cirurgia inevitável.
No pós-operatório, algumas pessoas podem experimentar fezes amolecidas ou diarreia, principalmente após longos períodos de jejum ou ingestão de alimentos gordurosos. Segundo o cirurgião Hilton Libanori, também do Einstein, “Na maioria dos casos, a vesícula já não é funcional, então a retirada não traz nenhum sintoma, apenas alívio”.
A diarreia pode ser controlada fracionando as refeições e evitando longos períodos sem comer. A maioria dos pacientes relata melhora na digestão após a recuperação inicial, que inclui evitar alimentos gordurosos e atividades físicas intensas nos primeiros 30 dias. Após esse período, a maioria das pessoas retoma uma vida normal, sem restrições significativas.
Fonte: http://www.metropoles.com