A Embaixada dos Estados Unidos manifestou, em abril, forte interesse nos minerais brasileiros, revelando uma estratégia do governo Donald Trump para fortalecer parcerias no setor. Segundo Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a representação americana expressou insatisfação com a relação comercial existente durante uma reunião há mais de dois meses.
O foco principal dos EUA recai sobre minerais críticos estratégicos, conforme explicitado em um encontro posterior. Jungmann ressaltou que a Constituição brasileira atribui à União a propriedade do subsolo, enfatizando que qualquer negociação formal deve envolver o governo federal. “Em abril já falavam no interesse de parcerias com o Brasil na área mineral”, disse Jungmann, sublinhando a proatividade americana.
O setor de mineração brasileiro se mostra aberto a negociações diretas com empresas americanas, buscando um modelo de parceria vantajoso para ambos os lados. As discussões incluem a possibilidade de delegações brasileiras visitarem os EUA ou receberem representantes americanos no Brasil, visando a formalização de acordos. “Estamos discutindo se nós vamos até lá, ou se eles viriam até aqui, a depender de contratos a ser feito”, explicou Jungmann.
Este interesse renovado dos EUA surge em um contexto de tensões comerciais, marcado pelo anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por Trump. A medida foi justificada por supostos “ataques insidiosos” às eleições no Brasil e críticas ao julgamento de Jair Bolsonaro. A reação do governo Lula tem sido pautada pela Lei de Reciprocidade e pela defesa da independência do Judiciário.
Jungmann informou que comunicou os detalhes das conversas com a embaixada americana ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Apesar do interesse demonstrado, não houve indícios de que as sanções comerciais estariam em pauta. O Ibram deve decidir em breve se enviará uma comitiva aos EUA ou receberá empresários americanos no Brasil, buscando aprofundar o diálogo.
Para Jungmann, a reação brasileira às tarifas de Trump só se concretizará após a imposição efetiva das medidas. Ele vislumbra potenciais benefícios para o Brasil em uma relação mais estreita com os Estados Unidos no setor de mineração, especialmente em áreas como tecnologia e investimento. O encarregado de negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, tem liderado as conversas, dada a ausência de um embaixador nomeado.
Fonte: http://www.metropoles.com