Julio Velasco, renomado técnico argentino e campeão da Liga das Nações Feminina com a Itália, transcendeu as quadras de vôlei para influenciar um dos maiores estrategistas do futebol mundial: Pep Guardiola. A trajetória vitoriosa de Velasco no voleibol italiano, marcada por títulos europeus, mundiais e o ouro olímpico em Paris 2024, pavimentou o caminho para um legado que ecoaria nos gramados.
No início dos anos 2000, vislumbrando sua futura carreira como treinador, Guardiola buscou a sabedoria de figuras que admirava. Entre eles, Marcelo Bielsa e, surpreendentemente, Julio Velasco. O encontro inusitado, solicitado por telefone pelo próprio Guardiola, revelaria o interesse do catalão não por táticas de vôlei, mas por segredos de liderança e gestão de grupo.
“Ele me perguntou de tudo. Nunca alguém tinha me perguntado tantas coisas. O que eu respondia, ele escrevia em um caderninho”, declarou Velasco, surpreso com a curiosidade do jovem Guardiola. O argentino compartilhou suas experiências, sem imaginar que suas palavras moldariam a filosofia de um dos técnicos mais bem-sucedidos da história do futebol.
Uma das lições mais marcantes transmitidas por Velasco a Guardiola foi a importância de adaptar a abordagem a cada jogador. “A chave de tudo é saber tocar a tecla correta”, disse Velasco, explicando que nem todos os atletas respondem da mesma forma a táticas e instruções. Essa percepção influenciou a forma como Guardiola gerencia seus elencos, reconhecendo a individualidade de cada jogador.
A influência de Velasco não se limitou a conselhos sobre gestão de grupo. Após conquistar sua primeira Champions League com o Barcelona, Guardiola buscou novamente a orientação do técnico de vôlei. Na ocasião, o catalão consultou Velasco sobre a decisão de substituir Samuel Eto’o por Zlatan Ibrahimovic, demonstrando a confiança em seu mentor.
Embora a troca não tenha se provado a mais acertada, o episódio ilustra a importância de Velasco na trajetória de Guardiola. Com o tempo, o argentino passou de conselheiro a admirador do trabalho do catalão. “O futebol é muito mais difícil que o vôlei e o que ele fez foi enorme. Não é que eu goste do futebol de Guardiola, eu gosto de Guardiola”, concluiu Velasco, reconhecendo a genialidade do pupilo que um dia buscou sua sabedoria.
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