Nos bastidores do cenário político, o PP (Partido Progressistas) sinaliza um afastamento gradual do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a entrega do Ministério do Esporte prevista para 19 de agosto. A data coincide com a oficialização da federação com o União Brasil, levantando questionamentos sobre o futuro da aliança e as implicações para a base governista.
O movimento, no entanto, pode não ser um rompimento total. Há indicativos de que o PP busca um “desembarque para inglês ver”, mantendo algumas posições estratégicas, como a indicação de Arthur Lira na Caixa Econômica Federal. A estratégia visa garantir apoios pontuais em votações de interesse do Planalto, evidenciando a complexidade das negociações políticas.
A decisão do PP reflete as tensões internas entre diferentes alas do partido. Enquanto uma parcela minoritária, especialmente no Nordeste, vê benefícios eleitorais na associação com Lula, a maioria da bancada se identifica com o eleitorado bolsonarista e outros setores da direita, como o agronegócio.
No União Brasil, a situação é matizada pela presença de múltiplos interesses. A legenda detém três ministérios: Comunicações, Turismo e Integração Nacional. Este último, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tende a permanecer no governo, dada a influência do senador e o fato de o ministro Waldez Góes ser filiado ao PDT, não ao União.
A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), outra joia da máquina pública sob controle do Centrão, também deve permanecer sob a influência do União Brasil, com Lucas Felipe de Oliveira, indicado por Alcolumbre, na presidência. O controle da Codevasf é estratégico para garantir recursos e apoio político, conforme apurado.
Ambos os partidos, PP e União Brasil, miram as eleições presidenciais de 2026 e flertam com a centro-direita. Ciro Nogueira, presidente do PP, é um entusiasta da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Planalto, enquanto Antônio Rueda, presidente do União Brasil, também demonstra insatisfação com o governo. A formação da federação é um passo crucial para consolidar essa aproximação com a oposição e pavimentar o caminho para 2026.
Caso o desembarque não se concretize até 19 de agosto, os partidos devem estipular um prazo de 10 dias para que os ministros deixem seus cargos. A alegação é que a convenção conjunta da federação impediria a adesão ao governo, formalizando a saída estratégica do PP e do União Brasil da base de apoio de Lula.