Após um período de forte alta, o preço do café no Paraná dá sinais de arrefecimento. Supermercados já começam a repassar aos consumidores reduções que variam entre 6% e 14%, à medida que novos lotes substituem os estoques antigos. Os dados foram apurados pela CBN Curitiba, com base em levantamentos da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio) e do IBGE.
Embora a notícia traga um certo alívio, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ainda é expressiva. Em Curitiba e Região Metropolitana, o café moído registrou uma alta de 87,23% até junho de 2025, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), superando a média nacional de 77,88%. O pico da inflação no estado foi registrado entre abril e maio, ultrapassando os 90%.
A disparada dos preços foi impulsionada, principalmente, pelos efeitos da estiagem e das queimadas em importantes regiões produtoras, como explica Alexandra Cardoso, especialista em Economia Contemporânea e Negociação do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR). “Os eventos climáticos adversos impactaram diretamente a oferta, elevando os custos para o consumidor final”, afirma.
Enquanto alguns sentem o alívio da pequena queda, outros ainda não notaram a diferença. Letícia Atsumi, proprietária de um café no Mercado Municipal, relata que, apesar da desaceleração, ainda não foi informada sobre reduções por parte de seus fornecedores, o que a impede de repassar o benefício aos clientes.
Além dos fatores climáticos, as recentes tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos, com validade a partir de 6 de agosto, também podem influenciar o mercado do café. Segundo Sérgio Czajkowski Jr, professor de economia comportamental do UniCuritiba, a medida pode levar a um aumento da oferta no mercado nacional. Já o economista Cláudio Shimoyama acredita que as tarifas podem diminuir o preço para os consumidores, mas com impactos negativos para os produtores.
O Paraná se destaca como um importante exportador de café solúvel. No primeiro semestre de 2025, o estado embarcou 15.240 toneladas do produto, gerando US$ 199,6 milhões em receitas, o que representa 35% do total exportado pelo Brasil. Os Estados Unidos são o principal destino desse café, absorvendo 15% das exportações paranaenses, o que torna o impacto das tarifas americanas ainda mais relevante para o setor.
Fonte: http://cbncuritiba.com.br