Um estudo recente da Universidade de Toulouse, publicado na revista *Plos One*, trouxe à tona uma preocupação crescente: a presença alarmante de microplásticos em ambientes internos, como residências e automóveis. A pesquisa revelou que podemos estar inalando dezenas de milhares dessas partículas invisíveis diariamente, mesmo dentro de nossas casas. Essa exposição constante e, muitas vezes, despercebida, levanta questões importantes sobre os impactos na saúde humana.
A pesquisadora Nadiia Yakovenko, envolvida no estudo, expressou sua preocupação com os resultados: “Nós investigamos quanto microplástico respiramos em espaços fechados, os resultados foram surpreendenes e preocupantes.” A equipe coletou amostras de ar em residências e carros, utilizando espectroscopia Raman para identificar e quantificar as partículas. Os resultados revelaram uma média de 528 microplásticos por metro cúbico em residências e impressionantes 2.238 em carros.
O estudo aponta que a principal origem desses microplásticos é a degradação de materiais plásticos presentes em nossos lares e veículos, como cortinas, tapetes, pinturas e peças de carros. Fatores como calor, fricção e exposição solar aceleram a liberação dessas partículas. O mais preocupante é que 94% dos microplásticos encontrados são facilmente inaláveis, alcançando as profundezas dos pulmões.
Embora os efeitos a longo prazo da exposição a microplásticos ainda não sejam totalmente compreendidos, estudos preliminares indicam potenciais riscos à saúde. Análises de tecidos humanos revelaram a presença dessas partículas em órgãos vitais, como pulmões, fígado e cérebro. Além disso, a detecção de microplásticos em placas ateroscleróticas humanas sugere uma possível ligação com o aumento do risco de infarto e AVC.
Considerando que passamos cerca de 90% do nosso tempo em ambientes fechados, a exposição contínua a microplásticos se torna uma questão de saúde pública relevante. Para mitigar os riscos, algumas medidas simples podem ser adotadas: ventilar os ambientes com frequência, reduzir o uso de objetos plásticos, optar por materiais duráveis, evitar tecidos sintéticos e não aquecer alimentos em recipientes plásticos. Ao tomar essas precauções, podemos reduzir significativamente a nossa exposição a essas partículas e proteger a nossa saúde.