Em um movimento que promete reconfigurar a delicada balança de poder no Oriente Médio, o governo do Líbano, liderado pelo primeiro-ministro Nawaf Salam, anunciou um plano para desarmar o Hezbollah e outros grupos armados presentes em seu território. A decisão, divulgada nesta quinta-feira, atende a um pedido formal dos Estados Unidos e surge no contexto de um cessar-fogo mediado pela administração norte-americana entre Israel e o Hezbollah, em vigor desde novembro de 2024. A expectativa é que o desarmamento seja concluído até o final deste ano.
Para além do desarmamento, o governo libanês aprovou um pacote de medidas complementares com o objetivo de consolidar a paz e a estabilidade na região. Entre elas, destaca-se o envio do Exército libanês para as áreas de fronteira, a abertura de negociações com Israel para a troca de prisioneiros, o compromisso com o fim das operações militares israelenses em solo libanês e a busca por apoio militar internacional para garantir o respeito ao cessar-fogo.
Apesar do aceno positivo aos Estados Unidos e da aparente determinação do governo em seguir adiante com o plano, a forma como o Líbano pretende desarmar o Hezbollah e outros grupos armados ainda é incerta. A medida enfrenta forte resistência interna, especialmente por parte do próprio Hezbollah, que possui representação no governo e conta com o apoio de parcela significativa da população xiita do país.
O Hezbollah, por sua vez, classificou o anúncio do governo como uma “marcha de humilhação”, interpretando a decisão como uma rendição aos interesses de Israel e dos Estados Unidos. Segundo o secretário-geral do Hezbollah, Naeem Qassem, Israel tem violado repetidamente o cessar-fogo com bombardeios no Líbano.
Diante desse cenário, Qassem declarou que o grupo não se desarmará, argumentando que tal ação enfraqueceria a capacidade de defesa do Líbano. A crise interna expõe as profundas divisões políticas e sociais no país e levanta sérias dúvidas sobre a viabilidade do plano de desarmamento, reacendendo tensões em uma região já marcada por conflitos e instabilidade.