Estudo Alerta: Uso de Preservativo Cai em Relações Estáveis, Revelando Riscos e Desafios na Prevenção de ISTs

Uma pesquisa recente lança luz sobre o comportamento sexual de homens cisgênero no Brasil, revelando uma tendência.

Uma pesquisa recente lança luz sobre o comportamento sexual de homens cisgênero no Brasil, revelando uma tendência preocupante: a diminuição do uso de preservativos em relações estáveis. O estudo, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, conduzida pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. Os resultados apontam para a necessidade urgente de repensar as estratégias de prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

A análise de dados de 30 mil homens sexualmente ativos revelou disparidades significativas no uso de preservativos. Enquanto 56,3% dos homens gays e bissexuais relataram usar camisinha em todas as relações sexuais no último ano, esse número cai drasticamente para 25,7% entre os heterossexuais. A pesquisa destaca que, em relações estáveis, a adesão ao uso de preservativos é ainda menor, particularmente entre os heterossexuais que vivem com suas parceiras.

O estudo constatou que apenas 13,4% dos homens heterossexuais que coabitam com suas parceiras utilizam preservativos, em comparação com 57% daqueles que não vivem juntos. Essa diferença alarmante sugere que a confiança e a busca por maior intimidade podem levar casais estáveis a negligenciarem a proteção contra ISTs. “Nosso objetivo era desconstruir a ideia de ‘grupos de risco’, indicando que o contexto no qual os sujeitos estão inseridos é mais importante para se pensar a prevenção do que o pertencimento a um grupo de orientação sexual ou outro”, explica Flávia Pilecco, pesquisadora da UFMG e principal autora do estudo.

Apesar da menor adesão ao uso de preservativos, homens gays e bissexuais ainda reportam uma incidência de ISTs quase dez vezes maior do que os heterossexuais. Essa estatística pode refletir uma maior frequência de testagem e conscientização nessa população, o que possibilita a detecção precoce e o tratamento adequado. Contudo, a falta de políticas de testagem e aconselhamento direcionadas a homens heterossexuais pode resultar em subnotificação e, consequentemente, na disseminação silenciosa de infecções.

Diante desse cenário, especialistas defendem a necessidade de campanhas de prevenção mais abrangentes e personalizadas, que considerem as particularidades de cada grupo sexual e tipo de relacionamento. “Acredito que talvez o melhor caminho para garantir que toda a população seja protegida contra as infecções seja apostar em campanhas nichadas para cada um dos grupos sexuais”, avalia o urologista Daniel Zylbersztejn. Além disso, é crucial incentivar o cuidado com a saúde masculina desde a adolescência, promovendo a conscientização sobre a importância do sexo seguro e da testagem regular para ISTs.

PUBLICIDADE

Relacionadas: