Impacto do El Niño e La Niña na Produção de Grãos Revelado em Estudo

Um estudo detalhado que analisou três décadas de dados de produção agrícola em Goiás e no Distrito Federal revelou a influência significativa dos fenômenos El Niño e La Niña no cultivo de feijão, milho e soja. A pesquisa, que abrangeu o período de 1992 a 2021, investigou o impacto desses eventos climáticos não apenas nos padrões de chuva, mas também na produtividade das lavouras.

A análise constatou que, durante os anos de El Niño, houve uma queda mais acentuada no rendimento das culturas do que o previsto. Em contrapartida, os anos marcados pela La Niña estiveram associados a resultados mais positivos na produção agrícola.

Os pesquisadores analisaram dados históricos de precipitação diária de 159 estações meteorológicas em Goiás e no Distrito Federal, coletados pela Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O estudo se concentrou nos meses de outubro a março, período da safra de verão, quando as três culturas são cultivadas seguindo as recomendações oficiais do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).

As informações foram cruzadas com o Índice Oceânico Niño (ION), da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), que classifica os anos como El Niño (ION acima de +0,5°C), La Niña (ION abaixo de -0,5°C) ou neutro (entre -0,5°C e +0,5°C). No período analisado, foram identificados oito anos de El Niño, oito de La Niña e 14 anos neutros.

Os dados sobre a produção agrícola vieram da Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, abrangendo 35 municípios produtores de feijão, 62 de milho e 34 de soja. Para isolar o impacto do clima, a equipe aplicou regressões lineares por município e cultura, estimando a tendência natural de crescimento da produtividade ao longo dos anos.

A análise revelou padrões distintos de resposta ao El Niño–Oscilação Sul para cada cultura. O feijão apresentou anomalias de produtividade positivas em anos de La Niña e mais perdas durante o El Niño. O milho teve desempenho acima da média em anos neutros, mas sofreu prejuízos no El Niño. A soja respondeu melhor à La Niña, com ganhos consistentes, e apresentou quedas frequentes em anos neutros.

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