Tráfico de animais e os riscos de disseminação de doenças

Entenda como o tráfico de animais silvestres afeta a saúde pública

Tráfico de animais e os riscos de disseminação de doenças
Araras em cativeiro. Foto: Juliet Dreamhunter — Foto: Juliet Dreamhunter/Getty Images

O tráfico de animais silvestres ameaça a saúde pública e a biodiversidade no Brasil.

O tráfico de animais silvestres é um tema crítico no Brasil, envolvendo questões de saúde pública e conservação ambiental. Essa prática não apenas gera lucros substanciais para redes criminosas, mas também representa um considerável risco à saúde, uma vez que facilita a disseminação de zoonoses, que são doenças transmitidas de animais para humanos.

O impacto do tráfico na saúde pública

De acordo com o biólogo Filipe Reis, coordenador de Biodiversidade do Instituto Ampara Animal, o contato direto entre humanos e animais silvestres capturados gera um ambiente propício para infecções. “Esse contato desprotegido é uma porta aberta para a transmissão de várias doenças”, explica.

A médica veterinária Juliana Junqueira, que lidera a Coordenação de Conservação de Fauna e da Biodiversidade (Cobio), complementa que o tráfico cria situações artificiais de convivência entre espécies que, na natureza, nunca se encontrariam. “Esse cenário favorece o surgimento de novos ciclos de transmissão de patógenos”, alerta. Ela cita que doenças consideradas leves para os humanos podem ser letais para os animais silvestres, como é o caso do vírus herpes simplex tipo 1.

Doenças associadas ao tráfico de fauna

Entre as enfermidades frequentemente associadas ao tráfico de animais, estão a raiva, a psitacose, a leptospirose e a tuberculose. Além disso, vírus como o da influenza aviária e arboviroses, como o vírus do Nilo Ocidental, representam sérios riscos à saúde das pessoas. O comércio ilegal de fauna não apenas ameaça a saúde humana, mas também compromete a biodiversidade, com patógenos como bornavírus e circovírus colocando em risco a sobrevivência de várias espécies de aves.

A importância da conscientização e fiscalização

Os especialistas enfatizam que a conscientização da população é fundamental na luta contra o tráfico de animais silvestres. Juliana Junqueira afirma que é vital mudar a percepção de posse de animais silvestres para a valorização da vida livre. “Reduzir o desejo de ter esses animais como pets enfraquece o mercado ilegal”, afirma.

A fiscalização também desempenha um papel crucial, e a destinação correta dos animais apreendidos é essencial. Instituições especializadas podem oferecer quarentena, triagem sanitária e implementar protocolos de biossegurança que minimizam a disseminação de patógenos.

O papel do poder público e da população

Filipe Reis destaca que o poder público deve atuar de forma ética e científica no manejo dos animais, garantindo a implementação de quarentenas, vacinação e monitoramento. As autoridades ambientais e sanitárias têm um papel central em aplicar penalidades efetivas para os infratores.

A tenente Thays Gonçalves, do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal, enfatiza que o combate ao tráfico de animais depende do engajamento da população. “A participação da população é crucial para fortalecer a cultura de proteção ao meio ambiente e aumentar a eficácia das operações de repressão ao tráfico”, conclui.

Com ações eficazes de conscientização, fiscalização e engajamento social, é possível mitigar os riscos à saúde pública e preservar a rica biodiversidade do Brasil.

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