Síndrome de Grisel: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento da subluxação atlantoaxial não traumática de forma clara e prática.
Você já ouviu falar em síndrome de Grisel? Se depois de uma infecção de garganta ou cirurgia de adenoide a criança passou a inclinar a cabeça e sentir dor no pescoço, acenda o alerta.
Estamos falando de uma condição rara, porém tratável, que causa uma subluxação entre C1 e C2 sem trauma. Neste guia rápido, você vai entender como reconhecer os sinais, quando procurar ajuda e quais são as opções de tratamento mais usadas, com dicas simples para aliviar a dor e evitar complicações.
O que é a síndrome de Grisel?
A Síndrome de Grisel é uma subluxação atlantoaxial não traumática, ou seja, um “desalinhamento” entre as primeiras vértebras do pescoço (C1 e C2) que não foi causado por queda ou impacto.
Ela surge, principalmente, após infecções de vias aéreas superiores(como amigdalite) ou procedimentos de otorrino (adenoamigdalectomia).
O mecanismo é simples de entender: a inflamação da região leva a hipermobilidade dos ligamentos do pescoço. Com isso, a cabeça pode ficar inclinada e rodada (o famoso “cock-robin”), gerando dor e limitação para mover o pescoço.
Por que acontece?
- Três fatores costumam andar juntos:
- Inflamação local: toxinas e mediadores inflamatórios “viajam” para a coluna cervical alta e deixam os ligamentos mais frouxos.
- Espasmo muscular: o corpo tenta proteger a região e “trava” o pescoço.
- Laxidade ligamentar: crianças têm ligamentos mais elásticos, o que facilita a subluxação C1–C2.
Sinais e sintomas
- Os sintomas aparecem em horas ou poucos dias após uma infecção de garganta, otite ou cirurgia na região da nasofaringe:
- Torcicolo doloroso: cabeça inclinada e girada, dificuldade para olhar para frente.
- Dor cervical intensa: piora ao tentar movimentar.
- Rigidez: criança segura a cabeça com as mãos para levantar.
- Febre leve ou recente histórico de infecção: amigdalite, adenoidite ou resfriado forte.
Exemplo real: após retirar as adenoides, uma criança volta para casa bem. No dia seguinte, acorda com o pescoço torto, chorosa ao mexer e com leve febre. O cenário combina com síndrome de Grisel e precisa de avaliação médica.
Como é feito o diagnóstico?
- O diagnóstico começa com a história clínica e o exame físico. Para confirmar, o médico pode solicitar:
- Radiografia cervical: pode sugerir desalinhamento C1–C2.
- Tomografia (TC) com reconstrução 3D: mostra a posição exata da subluxação e orienta o tratamento.
- Ressonância magnética (RM): útil quando há suspeita de inflamação extensa, abscesso ou compressão neurológica.
Existe uma classificação (Fielding-Hawkins) que indica o grau de subluxação e ajuda a decidir entre tratamento conservador ou necessidade de redução mais ativa.
Tratamento: o que funciona na prática
Na maioria dos casos, a síndrome de Grisel Responde bem a medidas conservadoras, especialmente quando tratada cedo.
- Primeiros cuidados (48–72 horas)
- Repouso relativo: evitar atividades que forcem o pescoço.
- Anti-inflamatórios e analgésicos: conforme orientação médica, para dor e inflamação.
- Colar cervical macio: ajuda a estabilizar e reduzir o espasmo muscular.
- Compressas mornas:15–20 minutos, 2–3 vezes ao dia, para relaxar a musculatura.
- Tratar a causa: se houver infecção ativa, seguir o antibiótico prescrito.
Fisioterapia e reabilitação
- Após controle da dor, a fisioterapia suave é introduzida para recuperar a mobilidade e fortalecer a musculatura cervical profunda:
- Alongamentos leves guiados: sem dor, com progressão gradual.
- Fortalecimento isométrico: exercícios curtos, várias vezes ao dia.
- Treino postural: foco em ombros, escápulas e alinhamento cervical.
Quando considerar procedimentos
- Casos com grande instabilidade (graus mais altos), falha do tratamento clínico ou sinais neurológicos podem exigir:
- Redução sob anestesia: para realinhar C1–C2 com segurança.
- Imobilização rígida: por período definido pelo especialista.
- Cirurgia de fusão: rara, indicada quando a instabilidade persiste.
- Quando procurar atendimento imediatamente
- Dor que piora rapidamente ou incapacidade total de movimentar o pescoço.
- Formigamento, fraqueza em braços ou pernas, ou alteração para andar.
- Febre alta persistente após iniciar antibiótico.
- Traço neurológico novo: tontura intensa, alteração de fala ou visão.
- Prevenção e retorno às atividades
- Após infecções de garganta: trate corretamente e evite atividades de impacto por alguns dias.
- Pós-cirurgia otorrinolaringológica: siga as orientações de repouso e uso de colar, se indicado.
- Ergonomia: telas na altura dos olhos, pausas a cada 30–40 minutos.
- Fortalecimento cervical: exercícios simples, diários, com orientação profissional.
Referência clínica e equipe multiprofissional
Em serviços com experiência em coluna cervical e reabilitação, como a COE Ortopedia, em Goiânia, a condução costuma integrar avaliação médica, fisioterapia, e, quando necessário, terapias complementares como acupuntura.
A presença de ortopedistas com vivência em patologias cervicais pediátricas e do adulto ajuda a padronizar protocolos, encurtar o tempo de recuperação e reduzir recidivas. Citar centros de referência amplia a segurança no manejo, especialmente nos casos mais complexos.
- Dicas rápidas para o dia a dia
- Não force a correção da postura: o realinhamento deve ser progressivo e indolor.
- Mantenha boa hidratação e sono: musculatura se recupera melhor.
- Monitore a evolução: dor e mobilidade devem melhorar em dias; se não, reavalie.
Conclusão
Reconhecer cedo a síndrome de Grisel faz toda a diferença. Dor cervical com torcicolo após infecção ou cirurgia de garganta merece avaliação médica, exames adequados e início rápido de medidas conservadoras.
Com diagnóstico oportuno, a maioria evolui bem com medicação, imobilização temporária e fisioterapia gradual. Se você identificou sinais compatíveis, procure um especialista, aplique as orientações iniciais com segurança e acompanhe a recuperação passo a passo.