O ataque israelense em Doha, capital do Catar, que vitimou membros do Hamas e um oficial de segurança catari, lança uma sombra de dúvida sobre a capacidade dos Estados Unidos de proteger seus aliados no Oriente Médio. O evento, que ocorreu às vésperas de uma resposta crucial do Hamas a uma proposta de cessar-fogo, gerou forte reação em Doha e levanta questões sobre o futuro da mediação de conflitos na região.
A relação entre Catar e Estados Unidos é notória, marcada por acordos bilionários e demonstrações de apoio mútuo. A recente visita do Presidente Trump, há apenas quatro meses, consolidou ainda mais essa aliança. No entanto, o ataque em solo catari, um aliado fundamental dos EUA, desafia a percepção de imunidade que o país poderia ter nutrido.
O Primeiro-Ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, expressou forte indignação, classificando o ataque como “terrorismo de Estado”. Em entrevista à CNN, Al-Thani acusou o Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de destruir as esperanças de um acordo de reféns e de minar as chances de paz, além de violar leis internacionais.
A crise de confiança entre os países do Golfo e os Estados Unidos se agrava com este incidente. Como HA Hellyer, acadêmico do Carnegie Endowment for International Peace, ponderou, “essas nações se perguntarão o que podem fazer para impedir futuros ataques” e “em que tipo de arquitetura de segurança precisam investir agora”.
O ataque em Doha não apenas colocou em xeque a segurança do Catar, mas também levanta sérias dúvidas sobre o futuro da mediação de conflitos na região. A disposição de países como Catar, Egito e Omã em se envolver em negociações de paz pode ser impactada pela percepção de que esses esforços podem ser sabotados, como evidenciado pelo recente acontecimento.