O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para participar da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, em um momento delicado nas relações entre Brasil e Estados Unidos. A viagem ocorre logo após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que elevou a temperatura entre os dois governos.
A expectativa é que Lula discurse na abertura da assembleia, seguindo a tradição. Além do discurso, o presidente deverá participar de reuniões bilaterais e eventos paralelos, buscando fortalecer o diálogo com outras nações e defender os interesses do Brasil no cenário internacional.
As tensões com os EUA se intensificaram após a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Marco Rubio, senador republicano, chegou a prometer uma resposta à condenação, o que gerou forte reação do governo brasileiro.
O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, rebateu as declarações de Rúbio, reafirmando que “ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano […] não intimidarão a nossa democracia”.
Em artigo publicado no New York Times, Lula defendeu a decisão da Suprema Corte e negou a existência de uma “caça às bruxas”, termo utilizado por Trump e seus aliados em referência ao julgamento de Bolsonaro. O presidente também enfatizou a disposição do Brasil em negociar questões de interesse mútuo, ressalvando que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.
As relações bilaterais já estavam fragilizadas desde a imposição de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, implementadas durante o governo Trump. Apesar dos esforços de negociadores brasileiros, a administração Trump se mantém resistente à flexibilização dessas medidas.
Diante desse cenário, o governo Lula apresentou uma Medida Provisória (MP) para auxiliar empresas exportadoras impactadas pelas tarifas. A MP, denominada Plano Brasil Soberano, prevê ações de apoio a pequenos exportadores, compras governamentais de produtos perecíveis e linhas de crédito subsidiadas de R$ 30 bilhões.
A medida inclui ainda a ampliação do Reintegra, programa que devolve impostos pagos ao longo da cadeia produtiva a empresas exportadoras, e a prorrogação de prazos de suspensão de tributos no regime de drawback, facilitando a isenção de impostos sobre matérias-primas usadas na fabricação de produtos destinados à exportação.