O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, recusou o auxílio oferecido pela Polícia Federal na investigação da execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Fontes foi morto a tiros de fuzil na noite de segunda-feira, em Praia Grande, litoral paulista.
“Agradecemos o apoio da Polícia Federal, porém, no momento, todo o aparato do Estado é 100% capaz de dar a pronta resposta necessária. Tanto é que em pouquíssimas horas o primeiro suspeito já foi identificado”, afirmou Derrite durante o velório de Ruy Ferraz, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Além da PF, o Ministério Público de São Paulo também se ofereceu para auxiliar nas investigações.
Dois suspeitos de participação no crime foram identificados. A identificação partiu da perícia realizada em um dos carros utilizados pelos criminosos. As identidades não foram divulgadas, segundo Derrite, para não atrapalhar as investigações. Pedidos de prisão foram solicitados para ambos.
A polícia utiliza imagens de câmeras de segurança para reconstituir a dinâmica do crime. As imagens mostram o momento em que os criminosos iniciam a emboscada, estacionando um carro próximo à Prefeitura de Praia Grande. Após 14 minutos, o veículo de Ruy Fontes aparece, passa ao lado dos criminosos e é alvejado. Ruy tenta fugir, mas bate o carro em um ônibus e é executado.
Duas pessoas próximas ao local do ataque ficaram feridas e foram encaminhadas ao Hospital Municipal Irmã Dulce. Uma mulher teve ferimentos leves e um homem segue internado.
As autoridades da SSP não descartam a participação de agentes públicos na execução. Ruy Ferraz teve inimizades dentro da polícia e pode ter contrariado interesses locais em sua função como secretário de Administração em Praia Grande. A suspeita sobre o envolvimento de agentes públicos surgiu após a análise dos vídeos que flagraram o atentado, que revelam uma ação coordenada com sinais de conhecimento operacional.
As investigações também consideram uma possível vingança do PCC, já que Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a facção no estado e atuou na transferência de lideranças para presídios federais. Também é investigada a hipótese do crime estar relacionado à sua atuação como Secretário de Administração, com possível envolvimento de agentes públicos e do PCC.
Ruy Ferraz Fontes atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil de São Paulo, especializando-se no combate ao PCC. Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, em 2019.