O governo israelense reagiu firmemente à proposta da Comissão Europeia de suspender parcialmente o Acordo de Associação, que garante a Israel acesso preferencial ao mercado europeu. Em resposta, o Ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, prometeu uma “resposta apropriada” caso a medida seja implementada.
Saar enfatizou que Israel, com o apoio de seus aliados europeus, continuará a resistir a tentativas de prejudicá-lo. “Uma resposta apropriada será dada às medidas contra Israel, e esperamos não ter que tomar medidas retaliatórias”, declarou o ministro em comunicado, sinalizando a escalada potencial do conflito diplomático e econômico.
A proposta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visa pressionar por um cessar-fogo em Gaza e facilitar o acesso da ajuda humanitária. O pacote de medidas inclui também sanções direcionadas a membros do Hamas, ministros israelenses considerados extremistas e colonos violentos na Cisjordânia, buscando responsabilizar atores específicos no conflito.
Von der Leyen justificou a medida alegando que a postura de Israel viola o artigo 2º do Acordo Euro-Mediterrânico, que condiciona a parceria ao respeito aos direitos humanos e princípios democráticos. “O sofrimento em Gaza deve acabar. Propomos suspender concessões comerciais, sancionar extremistas e manter apoio apenas à sociedade civil e ao Yad Vashem”, afirmou a presidente, destacando a gravidade da situação humanitária.
Contudo, a medida ainda depende da aprovação unânime dos Estados-membros no Conselho da UE para entrar em vigor. Caso aprovada, a suspensão do acordo comercial terá um impacto econômico significativo, já que a União Europeia é o principal parceiro comercial de Israel, representando 32% do total das trocas em 2024, cerca de € 42,6 bilhões em mercadorias. A suspensão das preferências tarifárias pode afetar setores estratégicos como máquinas, equipamentos de transporte e produtos químicos.
Além dos possíveis prejuízos com a suspensão de tarifas, a UE também considera suspender financiamentos bilaterais de até € 20 milhões. Saar classificou a iniciativa como “moral e politicamente distorcida” e disse esperar que a União Europeia rejeite as recomendações. “Ações contra Israel prejudicarão os interesses da própria Europa”, concluiu o ministro, aumentando a tensão entre os atores envolvidos.