Ginecologistas desmistificam teoria popular

Ginecologistas refutam a teoria que relaciona o dia da ovulação ao sexo do bebê, afirmando que a chance continua sendo 50% para cada sexo.
Um vídeo publicado pelas atletas olímpicas e influenciadoras Bia e Branca Feres viralizou nas redes sociais ao sugerir, por meio de uma teoria, que é possível escolher o sexo do bebê apenas controlando o dia da relação sexual em relação à ovulação. Na legenda da publicação, as gêmeas afirmaram com entusiasmo: “E foi assim que escolhemos o meninão da Branca. Não é maluquice não hahahah isso funciona!”
A teoria do método Shettles
A teoria por trás da fala vem sendo propagada desde os anos 1960 e ficou conhecida como “método Shettles”. Segundo as médicas ouvidas, a ideia não tem comprovação científica e pode gerar expectativas irreais em casais que sonham com um sexo específico para seus filhos. O método propõe que haveria diferenças significativas entre os espermatozoides que carregam o cromossomo X e os que carregam o cromossomo Y. A teoria é baseada em três premissas:
1. Espermatozoides Y: mais rápidos, mas menos resistentes;
2. Espermatozoides X: mais lentos, mas mais resistentes;
3. Relação no dia exato da ovulação aumentaria as chances de menino;
4. Relação alguns dias antes da ovulação aumentaria as chances de menina.
A ciência refuta a teoria
Apesar de parecer lógico, esse raciocínio não se sustenta diante do conhecimento atual sobre fertilidade e reprodução humana. Especialistas afirmam que a chance de ter um menino ou uma menina continua sendo 50%. Para conseguir engravidar, cuidar da nutrição, dos níveis de hormônio e do estresse é fundamental. A ginecologista Laís de Albuquerque, do Instituto Evollution, explica que a fecundação ocorre em um curto intervalo de tempo após a ovulação. Enquanto o óvulo tem viabilidade de apenas 12 a 24 horas, os espermatozoides podem sobreviver até cinco dias dentro do corpo feminino.
Consequências emocionais da crença
A ginecologista Tatianna Ribeiro, da clínica Rehgio, reforça que, embora o método tenha ganhado força décadas atrás, pesquisas mais recentes não conseguiram confirmar nenhuma eficácia. A única maneira cientificamente eficaz para escolher o sexo do bebê é por meio da reprodução assistida, como no caso do diagnóstico genético pré-implantacional (PGD). Além de ser cientificamente infundada, a crença de que é possível escolher o sexo naturalmente pode ter consequências emocionais negativas para os pais, como frustração e expectativas irreais em relação ao bebê. O desejo de planejar todos os detalhes da chegada de um filho é compreensível, mas quando se trata de biologia, nem tudo está sob nosso controle.