O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu uma investigação para apurar possíveis ligações entre o Sport Club Corinthians Paulista e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação ganhou destaque após o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Romeu Tuma Jr., denunciar a infiltração do crime organizado e relatar ameaças sofridas em decorrência dessas denúncias.
Além de analisar o uso de cartões corporativos e as despesas da presidência, a Promotoria busca indícios de aproximação entre membros do clube e integrantes do PCC. O promotor Cássio Roberto Conserino investiga a possível hospedagem de jogadores do Corinthians em um apartamento pertencente a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, apontado como membro de alto escalão da facção.
Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno foram questionados pelo MP-SP sobre a possível utilização do imóvel e a participação do Corinthians na intermediação da locação. Os atletas foram ouvidos como testemunhas, não como suspeitos. Nos últimos anos, outros episódios levantaram questionamentos semelhantes, como as denúncias de relações obscuras feitas pelo ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, em 2023.
Em 2024, investigações revelaram que Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, teria atuado como intermediário em negociações envolvendo jogadores como Du Queiroz e Igor Formiga. O clube informou que está enviando ao MP documentos referentes ao período entre 2018 e 2025, incluindo faturas de cartões corporativos e relatórios de despesas da presidência.
O promotor Cássio Roberto Conserino já ouviu o presidente Osmar Stabile e parte da diretoria. O vice-presidente Armando Mendonça também tem depoimento agendado. O empresário João Clóvis, dono de um restaurante acusado de emitir notas frias para o clube durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, teve sua oitiva adiada por meio de um habeas corpus.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto em julho analisa se houve práticas como apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa no Corinthians. A apuração, que inicialmente se concentrava no uso irregular de cartões corporativos, foi expandida para incluir os gastos da presidência no período de Augusto Melo, revelados em relatórios recentes.
Em 21 de agosto, o MP pediu o afastamento dos últimos três presidentes do Corinthians, Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo, mas a Justiça ainda não se manifestou. O pedido de quebra de sigilo dos cartões corporativos também aguarda decisão judicial.